Doses maiores

27 de outubro de 2017

Socialismo seria igual a sovietes mais inteligência artificial?

Em “A Revolução Traída”, Trotsky lembra que Lênin definiu o socialismo como “o poder dos sovietes mais eletrificação”:

Esta definição em forma de epigrama, cuja estreiteza respondia a fins de propaganda, supunha em todo o caso, como ponto de partida mínimo, o nível capitalista da eletrificação.

Realmente, naquele momento, ao lado do petróleo, a eletricidade era o que havia de mais avançado. Apropriar-se de tais tecnologias era fundamental para Lênin. Mas desde que sob controle do poder democrático dos trabalhadores através de seus conselhos, os sovietes.

Agora, troquemos a grande novidade tecnológica daquela época pela maior inovação de nossos dias. Não se trata da robotização, que faz parte da vida produtiva há décadas, mas da robotização inteligente.

O principal insumo da inteligência artificial é o “big data”. Sem este imenso conjunto de informações não haveria como dotar as máquinas de comportamento inteligente.

Além disso, o gerenciamento adequado dessa imensidão de dados pode revelar informações detalhadas e valiosas sobre praticamente qualquer esfera da atual vida humana.

É o conjunto da sociedade que produz esses dados gratuitamente. Principalmente, por redes virtuais, consumo, uso de serviços, etc. Manipular o big data, porém, exige recursos que estão ao alcance de apenas alguns gigantes econômicos.

O proletariado russo só conseguiu dominar as fontes de energia elétrica após tomar o poder. E quanto a nós, podemos esperar pela tomada do poder para conquistar políticas que coloquem, por exemplo, o big data a serviço de nossas lutas e objetivos?

A resposta mais provável é não. Se não lutarmos por controles democráticos desse tipo de recurso desde já, a tomada do poder jamais virá.


Um comentário:

  1. Gostei da imagem do Lenin cibernético. O grande problema de implantar o socialismo é, ainda hoje, atingir o centro do capitalismo desenvolvido, com seu avanço produtivo e tecnológico. Ainda continuamos comendo "pelas beiradas". E, sinceramente, não vejo muitas possibilidades de ser diferente. Como disso chegar naquilo, continua sendo o desafio desde 17.

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