Doses maiores

8 de agosto de 2017

Lutadoras muçulmanas na Revolução de 1917


Em 1917, Duma Estatal era o nome que se dava à Assembleia Legislativa Federal. Funcionou um tanto decorativamente em boa parte de sua existência. Mas pressionada pela Revolução de Fevereiro, sua bancada islâmica convocou um “Encontro dos Muçulmanos de toda a Rússia” para 1º de Maio. Na pauta, a situação dos povos muçulmanos no Império Russo.

...mas antes disso, em 23 de abril, reuniu-se em Kazan, no Tartaristão, o Congresso das Mulheres Muçulmanas Russas. Ali, cinquenta e nove delegadas se encontraram diante de um auditório com 300 pessoas, mulheres em sua esmagadora maioria. Na pauta, questões como o poder de lei da Sharia, o casamento plural, direitos das mulheres e o uso do hijab (véu muçulmano).

A conferência aprovou dez princípios, incluindo o direito ao voto feminino, a igualdade dos sexos e a natureza não obrigatória do uso do hijab. O tom das discussões foi claramente jadidista, ou mais à esquerda. Um sintoma de tempos trêmulos.

O trecho acima é do livro “October, The Story of the Russian Revolution”, de China Miéville, ainda sem tradução.

O jadidismo a que se refere a citação é um movimento surgido na Rússia que fazia uma leitura moderna do islamismo, dando ênfase à tolerância religiosa e respeito à igualdade de direitos individuais.

Serve para mostrar como a Revolução Russa foi resultado de um amplo movimento dos de baixo, e não envolveu apenas as lutas específicas de trabalhadores e camponeses.

Os bolcheviques (e as bolcheviques) foram os que melhor entenderam isso. Por isso, lideraram a revolução. Mas eles também a enterrariam, quando, liderados por Stálin, desprezaram tais questões, entre outras.

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