Doses maiores

29 de agosto de 2017

Julho de 1917: a contrarrevolução avança na Rússia

Julho de 1917. Soldados e trabalhadores preparam manifestação no dia 4 pela derrubada do governo provisório.

A liderança bolchevique era contra. Se o poder fosse transferido aos sovietes dominados pela esquerda moderada, dizia Lênin, eles o devolveriam à burguesia.

Mas no dia da manifestação, o “Pravda”, jornal bolchevique, apareceu com um espaço branco na capa. Os editores não chegaram a um acordo sobre o que escrever.

Meio milhão de pessoas saíram às ruas. Os marinheiros de Kronstadt ancoraram seus navios nos portos da cidade e exibiram suas armas, saudados pela população.

Tropas leais ao governo chegam da frente de batalha convocadas pelos mencheviques, sob alegação de que se tratava de mobilização contrarrevolucionária. Abrem fogo e cerca de 400 morrem.  

No final da noite, essas mesmas tropas cercam a sede do soviete. Os membros de sua direção respiram aliviados. Já não seriam obrigados a tomar o poder.

Em 5 de julho, um jornal sensacionalista conservador traz a manchete: “Lênin, espião alemão!”. Era a senha para iniciar uma onda de repressão contra os bolcheviques.

Um vendedor do “Pravda” foi morto na rua. Em seis distritos, os bolcheviques foram expulsos das fábricas por seus companheiros de trabalho.

Muitos dos principais líderes do partido se esconderam. Mas alguns dos mais importantes foram presos. Entre eles, Trotsky.

Lenin queria se entregar para poder se defender. Mas a direção do partido o despachou para a Finlândia.

A contrarrevolução avançava a passos largos. Em breve, seria derrotada, não pela genialidade da liderança bolchevique, mas pelas bases do partido.

Mais um relato baseado em “October, The Story of the Russian Revolution”, de China Miéville.

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