Doses maiores

16 de maio de 2017

Momentos nada épicos da tomada do Palácio de Inverno

Relato baseado no livro “The Bolsheviks Come to Power” (“Os Bolcheviques Tomam o Poder”) de Alexander Rabinowitch, ainda sem tradução.

O crepúsculo se aproximava e o Palácio de Inverno ainda não estava nas mãos bolcheviques. Uma série de pequenas dificuldades causaram preocupação na época. “Hoje, parecem quase cômicas”, diz o autor.

Ficou combinado que uma lanterna vermelha seria colocada no topo do mastro da Fortaleza Pedro e Paulo para sinalizar o início da ofensiva final contra o Palácio de Inverno. Mas quando chegou o momento, ninguém conseguia encontrar uma lanterna vermelha. Quando finalmente acharam uma, não conseguiam fixá-la no mastro para que pudesse ser vista.

Ao mesmo tempo, os revolucionários que cercavam o Palácio faziam tudo para “evitar uma sangrenta batalha”. “Nos esforçamos para assegurar que eles se rendessem diante de nosso poderio revolucionário. Por isso, nos recusamos a abrir fogo, dando a nossa arma mais forte, a luta de classes, uma oportunidade de fazer efeito dentro do palácio", relatou um participante.

Nesse clima, houve duas tentativas de convencer os ocupantes do palácio a sair pacificamente. Em vão. Às 18h30, um ultimato: “Devem capitular em vinte minutos”. Nada.

Outro ultimato: “Saiam todos às 19:10h ou abriremos fogo”. Simplesmente ignorado. A resposta dos revolucionários? “Mais dez minutos, nem um minuto a mais”. Nada, novamente.

Enquanto isso, em uma pequena sala no quartel-general dos revolucionários, Lênin andava em círculos “como um leão em sua jaula”. “Precisamos tomar o Palácio de Inverno a qualquer custo", gritava, furioso.

O final da história, todos sabem. Mas, certamente, Lênin só não perdeu mais cabelos naquela noite porque já não os tinha sobrando.

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