Doses maiores

25 de abril de 2017

Reforma da Previdência e Revolta da Vacina, tudo a ver

O governo lançou nova campanha em defesa da Reforma da Previdência. Com o mote "tudo que é novo assusta", as peças publicitárias atribuem a antipatia e desconfiança com que é recebida a proposta pela maioria da população a sua suposta novidade.

Os vídeos citam alguns exemplos de novidades que “assustaram” ao surgir, mas que se revelaram positivas. O Plano Real é citado como um deles, ainda que se esconda o fato de que ele serviu como Cavalo-de-Tróia para a destruição neoliberal posterior. Foi através dele que uma terrível inflação deu lugar ao pesadelo do desemprego e à enorme dívida pública que, até hoje, suga os recursos públicos das áreas sociais, incluindo a própria previdência.

Outro exemplo que chama a atenção é o da vacinação obrigatória: “...quando surgiu a vacinação teve até revolta, hoje não dá pra viver sem”. O vídeo se refere à Revolta da Vacina, que aconteceu em 1904, quando moradores pobres do Rio se insurgiram contra a vacinação forçada, com direito a batalhas travadas em ruas tomadas por barricadas.

A história oficial considera esse episódio fruto da ignorância popular. Na verdade, foi uma reação legítima ao autoritarismo e violência com que a vacinação era feita. Verdadeiras invasões militares invadiam os bairros pobres, sem qualquer respeito por seus moradores.

Foi a primeira das muitas operações de “higienização social” que atingem o Rio e muitas outras cidades brasileiras, desde então. Seus alvos sempre foram os mais pobres, não doenças e outros males.

Neste aspecto, até faz sentido comparar a Reforma da Previdência à Revolta da Vacina. Seria muito bom que a reação popular fosse semelhante.

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