Doses maiores

18 de abril de 2017

Lênin e a ira de um operário simples

23 de outubro de 1917. O Comitê Central do Partido Bolchevique reuniu-se para decidir se iniciaria ou não uma insurreição para transferir o poder aos sovietes. Somente Lênin e Trótski votaram a favor. A insurreição fora rechaçada. 

Levantou-se então um operário simples, com o rosto contraído de tanta ira. “Falo aqui em nome do proletariado de Petrogrado”, disse ele, rudemente. “Somos favoráveis a uma insurreição. Façam como acharem melhor, mas eu lhes digo que, se vocês permitirem que os sovietes sejam destruídos, nós acabaremos com vocês!"

Houve nova votação e a insurreição foi aprovada.

Mas ainda era preciso decidir qual o melhor momento para o levante revolucionário. Em nova reunião, Lênin, referindo-se ao Congresso Pan-Russo dos Sovietes, disse:

O 6 de novembro será cedo demais. Precisamos do apoio de toda a Rússia para o levante; até o dia 6 não terão chegado todos os delegados do Congresso… Por outro lado, 8 de novembro será tarde demais. Nesse momento o Congresso estará em pleno andamento, e é difícil um grupo grande de pessoas assumir uma ação rápida e decisiva. Temos de agir no dia 7, dia de abertura do Congresso, de modo que assim poderemos dizer aos delegados: “Aqui está o poder! O que vocês farão com ele?”

E foi exatamente assim que aconteceu.

Os trechos acima são do livro “Os dez dias que abalaram o mundo”, de John Reed. Mostram um daqueles raros momentos em que o papel de um indivíduo determina os rumos da história. Mas o que seria de Lênin, e da história, sem aquele “operário simples com o rosto contraído de tanta ira”?

Leia também: O dia em que Lênin perdeu por 12 a 1

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