Doses maiores

29 de setembro de 2016

Nas eleições, o crime se organiza

Em 18/09, Bruno P. W. Reis publicou, na Folha, um artigo contendo uma “tipologia” dos políticos brasileiros.

Resumindo muito, haveria cinco tipos de políticos:

1 - “Incorruptíveis”: raríssimos, claro. Frequentemente derrotados, óbvio.

2 - “Politicamente engajados”: são contra ilegalidades, ainda que não possam evitar algum contato com elas.

3 - “Tipo médio”: “joga o jogo”, o que inclui recorrer a ilegalidades.

4 - “Larápio”: se utiliza do poder para ficar rico. O corrupto típico.

5 - “Testa de ferro do crime organizado”. Está na política “para promover os interesses da atividade criminosa”.

Segundo o autor, somente os tipos 3,4 e 5 realmente cometem crimes. O último é o pior, mas todos devem ser responsabilizados e punidos dentro da lei. “Devemos apenas cuidar de evitar que, ao enchermos as cadeias com 3, terminemos por encher os plenários legislativos com 5”, diz ele.

Apesar do aviso, é isso que a cúpula de nosso aparelho jurídico-policial vem fazendo. E é muito provável que seja por isso que o quinto item da lista acima ande “tocando o terror” nas eleições municipais.

Até agora, foram 96 candidatos assassinados. As investigações atribuem os crimes a milícias, traficantes e facções como o PCC.

Assim chegamos à seguinte situação. Por um lado, liberdade para as milícias, que costumam ser apoiadas por políticos de direita dos vários tipos. Por outro, a recente absolvição dos PMs envolvidos no massacre do Carandiru fortalece ainda mais uma facção criminosa nascida exatamente do desejo de vingança em relação àquele episódio.

Ou seja, na política institucional o crime compensa até quando envolve muito sangue.

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