Doses maiores

30 de agosto de 2016

Monstros do dinheiro e da informação

Recentemente, foi lançado o filme “Jogo do Dinheiro”, dirigido por Jodie Foster. A produção denuncia fraudes no mercado financeiro enquanto problematiza o papel da grande mídia nessas situações.

Um dos aspectos que chama a atenção no filme é a crescente importância das transações financeiras robotizadas. São algoritmos complexos que realizam milhares de operações financeiras em frações de segundo.

É exatamente este o tema do recente do livro “A Finança Digitalizada: Capitalismo Financeiro e Revolução Informacional”, de Edemilson Paraná. Em 29/08, Patricia Fachin e João Vitor Santos publicaram entrevista com o autor na IHU-Online.

Entre as muitas informações importantes, merece destaque a crescente confusão de papéis entre jornalismo e especulação financeira. Segundo Paraná, em 2014:

...dos 150 jornalistas que trabalhavam em uma grande agência de notícias no Brasil, 120 estavam dedicados apenas à produção de informações em tempo real para o mercado de capitais. A razão de tal fato não poderia ser outra: um de seus representantes nos relatou que o segmento de informações em tempo real para investidores é altamente lucrativo, com margem de retorno acima dos 30% de ganho, e já é responsável, inclusive, por quatro quintos de todo o faturamento da agência.

O grande problema, diz ele, é a contradição entre o papel da imprensa como instituição pública e empreendimento com fins lucrativos. Trata-se de mais um passo na “colonização do mundo social pela dominância financeira”, atingindo também “a produção de conhecimento e informação”, conclui Paraná.

No filme, a imprensa acabou ganhando um final feliz. Mas, na vida real, ela faz parte do mecanismo que justifica o título em inglês da produção: “Money Monster”.

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