Doses maiores

6 de junho de 2016

O ferrão da borboleta na luta contra o racismo

"Flutuar como uma borboleta. Picar como uma abelha". Era assim que Muhammad Ali definia sua vitoriosa forma de lutar boxe.

Nascido Cassius Clay em 1942, trocou de nome para afirmar sua fé no islamismo e abandonar o nome de escravo, tal como fez seu amigo e ídolo, Malcolm Littel, ou Malcolm X.

Ao recusar o alistamento para a Guerra do Vietnã, Ali afirmou:

...o real inimigo do meu povo está aqui. Eu não vou desonrar minha religião, meu povo ou a mim mesmo ao me tornar uma ferramenta para escravizar aqueles que estão lutando por sua própria justiça, liberdade, igualdade (...). Eles dizem que vou para a cadeia. E daí? Nós estamos na cadeia por 400 anos.

Como punição, teve seu título de campeão mundial cassado e ficou impedido de lutar por três anos.

Quando foi impedido de comer em uma lanchonete por causa da cor de sua pele, Ali atirou no Rio Ohio a medalha de ouro conquistada nas Olimpíadas de Roma, em 1960.

Em 1974, recuperou o título enfrentando George Foreman, em lendária luta no Zaire. Ali era uma celebridade mundial, mas misturou-se ao povo local, percorrendo principalmente seus bairros pobres. Enquanto isso, Foreman, negro como ele, mantinha distância.

Durante o combate, o povo gritava “Ali, boma ye” (“Ali, mata ele!”). Mas o alvo principal não era Foreman. Era a ditadura que dominava o país e o racismo armado e sustentado pelo imperialismo estadunidense, ferozmente combatido por Ali.

O grande peso-pesado levantou voo de vez. Mas antes ensinou a borboleta a picar como a abelha enquanto voa rumo à justiça e à liberdade.

Leia também: Sobre homens e meninos negros

2 comentários:

  1. Quantos esportistas black/preto que não tiveram ou tem a consciência e atitude do Muhammad Ali.

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