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9 de junho de 2016

As raízes femininas do blues

R. Crumb
Cerca de 75% dos sucessos do período clássico do blues foram compostos e interpretados por mulheres. A surpreendente informação está no artigo “A luta das mulheres no blues em sua era clássica”, de Tonny Araújo, publicado no site “Música e Sociedade”.

Ou seja, o blues não nasceu apenas negro, mas feminino.

Segundo Araújo, o pianista Jelly Roll Morton afirmou, por exemplo, que o primeiro blues que ouviu quando criança foi tocado por Mamie Desdunes, pianista e violonista que se apresentava principalmente em bares no final do século 19.

Na mesma época, a trombonista Netti Goff, “tocava de maneira espetacular em uma companhia de menestréis”. Antes dela, Della Sutton, outra trombonista, teria sido “a primeira mulher a tocar o instrumento em Nova Orleans”.

Marge Creath Singleton, por sua vez, tocava nos famosos barcos a vapor que atravessavam os mais diferentes cantos do país.

Já a guitarrista Lizzie Douglas, mais conhecida nos prostíbulos como Memphis Minnie, diz o artigo, encarava “as incertezas de uma dura vida nômade por meio de circos e caravanas”.

Além de Minnie, muitas outras só achavam espaço para tocar nos bordéis. É o caso de Lulu White, Josie Arlington, Bertha Wenthal e Gypsy Schaeffer.

Todas elas enfrentaram a hostilidade de ambientes majoritariamente masculinos. Lugares em que o assédio sexual dos homens em geral era grande, agravado pelo racismo dos brancos.

Araújo encerra seu artigo dizendo que sem essas talentosas mulheres, “o blues talvez nunca teria saído das plantações”. Mais que isso, é provável que tenham sido elas as responsáveis por iluminar os primeiros caminhos para a música negra em meio às trevas do racismo.

Acesse o texto aqui.

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