Doses maiores

22 de fevereiro de 2016

Previdência Social e luta de classes

A Previdência Social volta a ser alvo de privatizadores e mercenários do mercado. O velho pretexto é um déficit em seu orçamento que não existe.

É o que afirma, por exemplo, Eduardo Fagnani, em artigo publicado na Plataforma Política Social - Caminhos para o Desenvolvimento, em 21/02. Professor do Instituto de Economia da Unicamp, ele cita números de 2012 que exibem saldo positivo de R$ 78,1 bilhões na Previdência.

A questão é que o governo coloca na conta da Previdência despesas que não são dela, como a seguridade dos servidores públicos, que deveria ser custeada pelo Tesouro Nacional.

Mas há outras distorções graves. É o caso do pornográfico gasto público com juros.

Segundo o economista Amir Khair, em entrevista à Carta Capital em 22/02, entre 2014 e 2015 as despesas com os benefícios previdenciários tiveram um aumento de R$ 6 bilhões. Enquanto isso, o gasto com juros cresceu R$ 130 bilhões. Sendo que as primeiras beneficiam trabalhadores e o segundo, especuladores.

O que realmente está em jogo é o controle de uma montanha de dinheiro e do maior programa social do País. O mais recente Boletim Estatístico da Previdência Social indica quase 33 milhões de pessoas sob cobertura previdenciária. Já o Bolsa Família, atende a 13 milhões de inscritos, equivalente a 40% do total do INSS.

Como disse André Singer em sua coluna na Folha, em 20/02, “a seguridade social está no centro da luta de classes contemporânea”. Não à toa, propostas de privatizá-la e de restringir seus direitos partem sempre dos exploradores. Vergonhosamente, muitas vezes, conseguem o apoio de quem se diz representantes dos explorados.

Leia também: As sujeiras da luta de classes

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