Doses maiores

3 de fevereiro de 2016

Fabricando bandidos e terroristas

A série “Making a murderer” (“Fabricando um assassino”) faz grande sucesso nos Estados Unidos. O documentário conta a história de Steven Avery que, condenado injustamente, passa 18 anos na prisão. Pouco tempo depois de sua libertação, enfrenta nova batalha judicial.

Um dos aspectos que mais assusta no seriado é a impossibilidade de reverter uma decisão, uma vez que ela é tomada pelo sistema judicial. Uma situação criada pelo caráter de infabilidade quase sagrada atribuída aos agentes da justiça e da lei.

No Brasil, cenário parecido é mostrado pelo documentário “Sem Pena”, de 2014.
O filme exibe depoimentos de pessoas presas sem sentença ou, condenadas a penas muito desproporcionalmente maiores em relação ao crime cometido.

Uma vez libertadas, elas ainda encontram a enorme dificuldade de se integrar novamente à vida social. Como no caso de Avery, uma vez acusado, condenado. Uma vez condenado, jamais perdoado.

A agravar todo esse quadro, um projeto-de-lei de do governo em debate no Congresso tenta aprovar uma legislação “antiterrorista” no País. Na verdade, uma forma de legalizar a criminalização dos movimentos sociais e inviabilizar manifestações populares na base da repressão pura e simples.

É neste contexto que os documentários sobre Avery e sobre o sistema prisional brasileiro se aproximam. É nesta situação que a abusiva legislação repressiva adotada nos Estados Unidos após o 11 de Setembro serve de modelo à “Lei Antiterrorista” em discussão no Brasil.

À fabricação de bandidos os poderosos pretendem juntar, agora, a produção de terroristas. Quase todos saídos dos setores socialmente mais vulneráveis ou questionadores da ordem dominante.

Leia mais em Fabricando bandidos, terroristas e oportunidades subversivas, no Blog JUNHO.

Um comentário:

  1. Esse "fabricação" ocorre em dois sentidos: na imagem da vítima, classificando uma pessoa que não é como bandido/terrorista, como também criando de fato um bandido/terrorista que assim se torna como consequência da violência que sofreu da sociedade.

    ResponderExcluir