Doses maiores

23 de outubro de 2015

O hip-hop nasceu contra a barbárie

Era uma vez, centenas de jovens pobres e desempregados se matando nas ruas do Bronx e Harlem, em Nova Iorque, nos anos 70. Eram gangues formadas principalmente por negros, porto-riquenhos e não brancos em geral. Surravam-se e matavam-se disputando territórios cheios dos destroços produzidos por uma política urbana que queria destinar seus bairros a quem podia pagar altos aluguéis ou hipotecas.

Era uma vez, uma política de segurança que espalhava drogas entre jovens pobres das grandes cidades para que se afundassem no vício e na violência. Sem emprego, escola e família, eles injetavam e cheiravam e matavam-se com drogas e porradas.

Era uma vez, um país e uma época em que lideranças que procuravam estender direitos a negros e não brancos em geral eram assassinadas. Entre elas, Marthin Luther King e Malcolm X.  

Era uma vez, os “Irmãos do Gueto”, algumas dezenas de garotos e garotas que começaram a mirar-se no exemplo do partido dos Panteras Negras. Seu líder era um jovem mestre de caratê que iniciou um processo de pacificação junto às outras gangues.

Era uma vez, gangues que deixaram de se matar para se transformar em coletivos que disputavam competições de dança, música e grafite. O hip-hop surgia onde antes havia só barbárie. 

Esta é a história que conta o documentário "Rubble Kings", de Shan Nicholson. Uma prova de que mesmo os mais fodidos entre os fodidos são capazes de se organizar para buscar a paz entre si e promover o combate ao sistema que lhes declarou guerra.

Infelizmente, por enquanto, o filme só pode ser encontrado no youtube em cópia com legendas precárias.


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