Doses maiores

19 de outubro de 2015

Injustiça tributária e luta de classes

Em meio ao debate sobre o retorno da CPMF, pouco se discute a enorme injustiça tributária que reina no País. Uma estrutura fiscal que pune os que ganham menos e poupa os que têm enorme patrimônio.

Uma entrevista da IHU-Online com Antônio Albano Freitas, publicada em 19/10, ajuda esclarecer a situação. Segundo o economista que é doutorando em Economia da UFRJ, há muito tempo sabemos que há uma enorme desigualdade de renda no Brasil. Mesmo assim, ela é ainda maior do que parece porque grande parte dela esconde-se por trás das desigualdades de patrimônio.

Isso começou a mudar com a recente liberação pela Receita Federal dos dados das declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física. Essas informações mostram que a metade mais pobre dos declarantes tem um rendimento total “per capita líquido mensal de R$ 1.810, enquanto o segmento 1% mais rico apresenta um rendimento de aproximadamente R$ 120.881”, afirma Freitas.

É por aí que deveriam começar alterações que realmente aumentariam a arrecadação. E não se trata de adotar medidas socialistas ou coisa parecida. Freitas cita o caso do imposto sobre heranças e doações. Hoje, no Brasil, essa tributação é de 3,73%. Se fosse elevada para os 29% adotados nos Estados Unidos, a arrecadação passaria dos atuais R$ 4,7 bilhões para R$ 36,6 bilhões.

Só com esse tributo seria obtida metade da arrecadação que o governo diz que precisa para acertar suas contas. Mas os que mandam preferem cortar programas sociais que beneficiam milhões a enfrentar alguns milhares de bilionários do País. Na luta de classes, optaram pela rendição aos ricos e poderosos.

Leia também: Quem paga imposto no Brasil são os pobres

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