Doses maiores

27 de outubro de 2015

Do carbono viemos, ao carbono voltaremos?

Em seu programa radiofônico “Supertônica”, de 23/09, Arrigo Barnabé entrevistou Amâncio Friaça. O professor da USP é Astrofísico, pesquisando temas como astrobiologia, cosmologia, evolução de galáxias, entre outros.

A entrevista foi intitulada “Um bilhão de gêmeos da terra”, inspirado na afirmação do cientista de que pode haver até um bilhão de planetas iguais ao nosso. Se parece exagero, sejamos modestos e fiquemos com uns 200 milhões apenas.

Mas há outras afirmações que desafiam o senso comum. Por exemplo, a água é o terceiro elemento mais abundante no universo. Afinal, a molécula é formada por dois dos quatro elementos químicos mais encontrados no cosmos. São eles, além de hidrogênio e oxigênio, nitrogênio e carbono.  

Já esse último elemento, está na base de toda vida que conhecemos. Por isso, Arrigo lembrou um poema de Augusto dos Anjos, que começa dizendo que somos filhos do carbono.

Também surpreende saber que as primeiras formas vivas em nosso planeta dependiam do enxofre para sobreviver e não do oxigênio. Este último só apareceu porque surgiram as cianobactérias ou algas azuis.

Acontece que os novos organismos azuis começaram a produzir o gás que mataria muitos dos primeiros habitantes. Abriram caminho para surgir a grande maioria das atuais espécies, incluindo a nossa.

Quem diria que o oxigênio já foi tóxico para quase todas formas de vida. E quem imaginaria que, hoje, somos nós que intoxicamos a natureza com gases e outras substâncias venenosas.

A continuarmos assim, os versos finais do poema de Augusto ainda poderão nos fornecer um justo epitáfio:

E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

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