Doses maiores

27 de agosto de 2015

Adoro meu Facebook

Adoro meu Facebook. É onde encontro amigos(as) e companheiros(as) para discutir a situação política e social do País. Trocamos informações, análises e piadas, por que não? Alguns(mas) de nós defendem o governo, mas sem fanatismos. Outros(as) são mais críticos(as). Mas somos todos(as) de esquerda.

Adoro meu Facebook. Nele encontro amigos e conhecidos que comungam da mesma indignação. Fazemos as denúncias que ficam escondidas da maioria inocente pela mídia infestada de esquerdopatas. Estamos furando esse cerco, mostrando o complô vermelho que vai tomando conta de nosso Brasil.

Adoro meu Facebook. Lá encontro muita gente do bem. Pessoas que se importam com seus semelhantes. E ainda podemos trocar dicas de culinária, lugares bonitos para visitar, atrações culturais. Nossa mais recente mania são os divertidos livros para colorir.

Adoro meu Facebook. Lá encontro muitos que curtem os mesmos programas, passeios, esportes, ídolos, filmes. Outro dia, nos unimos, por exemplo, para um mutirão de vigilância na região da cidade em que moramos. Já colocamos muito vagabundo e bandido pra correr. Ou pra dormir, sabe como é. 

Adoro meu Facebook. Lá encontro meus irmãos de torcida. Todos juntos dando força pra nosso eterno campeão. Combinamos assistir os jogos em algum bar ou na casa de um de nós, com muita cerva e churrasco. Às vezes, também marcamos pra dar umas porradas nos babacas que torcem pra outros times.

Adoro meu Facebook. Ele me garante bilhões de dólares e ainda convence centenas de milhões de que “um esquilo morrendo no seu jardim deve ser mais relevante do que pessoas morrendo na África”. Sou
Mark Zuckerberg. Entre na minha página e curta!

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26 de agosto de 2015

De volta ao século 19 com Uber e Whatsapp

Em maio, o IdgNow divulgou pesquisa realizada pelo grupo Regus que aponta o Whatsapp como o preferido por 95% dos profissionais de escritório, seguido de Skype e Facebook Messenger.

Segundo Otávio Cavalcanti, diretor da Regus, a importância desse “suporte tecnológico” é “mostrar como os funcionários podem ser totalmente operacionais, mesmo quando não estão no escritório”.

Por “totalmente operacionais”, entenda-se à disposição do patrão em tempo integral.

Enquanto isso, Marcio Pochmann entrou na polêmica Uber x táxis. Em artigo publicado no portal Rede Brasil Atual, em 23/08, ele mostra como o aplicativo é mais um exemplo de ferramenta que torna possível os chamados "contratos de trabalho de zero horas".

O Uber permite o “emprego do trabalho disponível a partir de cadastramento livre de mão de obra excedente, sem nenhum benefício de proteção social e trabalhista”.

No Reino Unido, diz ele, cerca de 1 milhão de trabalhadores estariam submetidos a essas condições, principalmente em redes como Mc Donald’s, Subway, entre outras.

Estaria em formação, portanto, “uma nova classe precária de trabalhadores mal pagos e levados a estar à disposição plena dos demandantes de trabalho flexível”.

Esse tipo de Fenômeno é bastante facilitado pelas novas tecnologias digitais, mas não é inédito.

Como Pochmann nota, no século 19, “o trabalho era realizado em locais distintos, por meio de grande competição entre a mão de obra disponível e sem qualquer proteção ou organização sindical”.

Voltamos ao século 19?, 
pergunta Pochmann. Ou, perguntaríamos nós, ficamos no século 20, defendendo operadoras de celular que roubam seus clientes e a meia-dúzia de donos de frotas que superexploram dezenas de milhares de taxistas?

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25 de agosto de 2015

China: a fábrica do mundo não pode produzir liberdade

A China costuma ser chamada de “fábrica do mundo”. É lá que estão o maior parque industrial do planeta e a mais numerosa classe operária da história. Esta última, explorada a uma taxa que faz a alegria do capitalismo global e mantém o sistema rodando.

Mas cada vez que o motor chinês diminui o ritmo, os neoliberais condenam a falta de democracia no gigante asiático. Cobram mais transparência, principalmente na divulgação de números oficiais, que é o que realmente lhes interessa.

O problema é que fábricas feitas para gerar lucros não podem ser democráticas nem abrir sua contabilidade, sob pena de serem atropeladas pela concorrência.

Na verdade, os que os neoliberais temem é a capacidade de resistência de uma ditadura sem disfarces. Em nossas democracias ficamos felizes em votar periodicamente. Mas somos governados por instituições não eleitas, como bancos centrais, FMI, OMC, Banco Mundial etc. A recente rendição do Syriza diante do golpe de estado promovido pela Troyka é mais uma prova disso.

O grande risco seria a rigidez política do regime chinês começar a sofrer rachaduras que afetem seu desempenho econômico. Quando a fábrica em que se transformou a União Soviética quebrou, arrastou consigo apenas seus mercados cativos no Leste Europeu. Já a indústria chinesa, está totalmente integrada ao mercado mundial.

Apesar disso, os neoliberais não ousam esperar mais liberdade que aquela que permite ao capitalismo mundial manter a superexploração dos trabalhadores chineses. Afinal, se a maior classe operária do mundo conquistar liberdade sindical e democracia política, uma crise econômica na China seria o menor dos problemas para a economia global.

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O tsunami econômico e a bigorna neoliberal

24 de agosto de 2015

O tsunami econômico e a bigorna neoliberal

O dia 24/08/2015 já está sendo chamada de "Segunda Negra" pelos “mercados mundiais”.

No Brasil, a Bolsa registrou a maior desvalorização em oito meses e voltou aos níveis de 2009.

As ações na Europa fecharam em baixa de 5,44%, maior queda diária desde novembro de 2008.

Wall Street teve queda menor. Acima dos 3,5%, mas também preocupante.

Tudo isso porque o mercado de ações chinês desabou 8,5% na véspera, assinalando a maior queda desde 2007.

A grande imprensa sempre compara essas quedas a 2008, considerado o auge da crise econômica mundial.

Mas seria mais correto entender aquele momento como o primeiro grande surto de uma crise que dá todos os sinais de 
estar longe do fim.

Em 2008, papéis especulativos derrubaram a economia mundial. Desde então, enormes quantias de dinheiro foram injetadas na economia.

O problema é que nos Estados Unidos, por exemplo, 95% dos U$ 22 trilhões que saíram dos cofres públicos, entre 2009 e 2013, foram destinados aos mesmos grandes investidores, que voltaram a investir na especulação.

A China pode ser a “fábrica do mundo”, mas o ritmo de sua produção depende de consumo. E dinheiro que sobra na especulação falta na compra de mercadorias.

A fábrica está longe de parar, mas a diminuição de seu ritmo está equivalendo a uma freada brusca para a maioria das outras economias importantes, incluindo a nossa.

No Brasil, o tsunami econômico de 2008 foi chamado de marolinha. E era mesmo. A onda gigante ainda estava a caminho e parece estar finalmente chegando.

E nós a estamos esperando com a bigorna do ajuste neoliberal amarrada nos pés.

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Trotsky, Guevara e Leminski num bar de rodoviária

Em seu blog, Mário Magalhães lembrou os 75 anos da morte de Trotsky com o belo poema “O velho León e Natalia em Coyoacán” que lhe dedicou Paulo Leminski.

Leminski também escreveu a pequena biografia “trótski – a paixão segundo a revolução”. Nela o poeta saúda a recusa de Trotsky em instrumentalizar ideológica e politicamente a arte e cita sua famosa frase: “A arte só pode ser o grande aliado da revolução na medida em que permanecer fiel a si mesma”

Leminski também poderia ter homenageado Che Guevara. Mas este, seu contemporâneo, receberia as honras em pessoa e numa mesa de bar.

No conto “Guevara em Curitiba”, Valêncio Xavier imaginou o Che desembarcando disfarçado na rodoviária curitibana a caminho da Bolívia. Era 1966, plena ditadura. Todo cuidado era pouco. Mas um bêbado o reconhece e insiste em lhe chamar pelo nome. Arrasta-o para uma pinga, umas tragadas de charuto e ainda o convence a cantar o trecho de um bolero.

Guevara finalmente livra-se da situação inconveniente e parte. O conto não nomeia o bêbado, mas tem graça imaginá-lo como sendo Leminski. Mais divertido ainda seria vê-lo surpreender Trotsky em pessoa desembarcando de outro ônibus. Pronto para ser arrastado para novos goles, conversas, cantorias.

Havia algo de trotskista na disposição internacionalista de Guevara, que abandonou seus cargos governamentais em Cuba para tornar a revolução permanente. Havia algo nas convicções estéticas de Trotsky que conquistou o respeito de Leminski. Há algo dos três nos versos do poeta paranaense, que dizem:

En la lucha de clases
todas las armas son buenas
piedras,
noches,
poemas.

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20 de agosto de 2015

Olorum é cobrador de ônibus

O poema abaixo é “Trabalhadores do Brasil”, de autoria de Marcelino Freire. Foi publicado no livro “Contos Negreiros”, em 2005.

Os versos fortes já foram musicados pela banda “Cordel do Fogo Encantado” e declamados pelo próprio autor no mais recente CD de Emicida. Citando lideranças e entidades sagradas do povo preto brasileiro, eles dizem muito sobre a opressão e a exploração classista e racista insistentemente presente no cotidiano da maior parte de nossa população.

Enquanto Zumbi trabalha cortando cana
Na zona da mata Pernambucana
Oloroke vende carne de segunda, a segunda
Ninguém vive aqui com a bunda preta pra cima
Tá me ouvindo bem?

Enquanto a gente dança no bico da garrafinha
Odé trabalha de segurança
Pegando ladrão que não respeita
Que não ganha o pão que o Tição amassou honestamente

Enquanto Obatalá faz serviço pra muita gente
Não levanta um saco de cimento
Tá me ouvindo bem?

Enquanto o Olorum trabalha como cobrador de ônibus
Naquele transe infernal de trânsito
Ossaim sonha com um novo amor
Pra ganhar um passe ou dois
Na praça turbulenta do Pelô
Fazer sexo oral, anal, seja lá com quem for
Tá me ouvindo bem?

Enquanto rainha Quelé
Rainha Quelé limpa fossa de banheiro
São Bongo bungo na lama
Isso parece que dá grana, porque povo se junta
E aplaude São Bongo na merda
Pulando de cima da ponte
Tá me ouvindo bem?
Tá me ouvindo bem?
Tá me ouvindo bem?
Ein, ein, ein? Seu branco safado!
Ninguém aqui é escravo de ninguém!


19 de agosto de 2015

Semelhanças entre as manifestações contra e a favor do governo

“Um desacordo entre manifestantes e os convocantes dos protestos?”, pergunta artigo de Pablo Ortellado, Esther Solano e Lucia Nader publicado no El País, em 18/08. O texto refere-se à manifestação contra o governo Dilma realizada em São Paulo, em 16/08.

Os autores organizaram uma pesquisa junto aos manifestantes que mostraria grandes diferenças entre o que pensavam os manifestantes e o que defendiam suas principais lideranças. Estas costumam defender a redução da presença estatal na sociedade, incluindo a diminuição dos serviços públicos.

Mas 97% dos presentes concordavam total ou parcialmente que os serviços públicos de saúde devem ser universais e 96% que sejam gratuitos. Já 98% concordavam total ou parcialmente com a universalidade da educação pública e 97% com a sua gratuidade. Até mesmo a tarifa zero nos transportes públicos recebeu apoio total ou parcial de 49% dos manifestantes.

Por outro lado, 71% discordaram da proposta de entregar o poder aos militares.

No dia 20/08, acontecerão atos em defesa da “democracia” pelo país. Na verdade, manifestações que já não conseguem esconder seu caráter governista. Se pesquisas semelhantes àquelas feitas em 16/08 forem feitas, certamente aparecerão resultados bastante parecidos quanto ao apoio a serviços públicos universais e gratuitos.

Mas as semelhanças entre as duas manifestações não devem parar por aí. Nos atos pró-Dilma, o desacordo entre o que pensa a maioria dos manifestantes e suas lideranças também será grande. Afinal, defender serviços públicos dignos para todos não combina com o ajuste neoliberal que vem sendo implantado pelo governo a todo vapor.

Num e noutro caso, há muita confusão. Mas ela parece ser bem maior entre as respectivas lideranças.

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18 de agosto de 2015

A PM paulista e suas estrelas sangrentas

Henrique Carneiro escreveu “Corporação de SP vê ‘glória’ na repressão”, para a coletânea “Desmilitarização da polícia e da política: uma resposta que virá das ruas”, organizada por Givanildo Manoel da Silva, o “Giva”. 

O artigo conta um pouco da história da PM paulista e começa lembrando que o “batismo de fogo” da corporação foi a repressão à grande greve dos ferroviários, em 1905.

O autor destaca, ainda, as estrelas do brasão de armas da instituição. Elas correspondem a momentos que a corporação considera “heroicos” em sua história. Das 18, a única que simboliza uma ação contra a ordem dominante foi a participação na conservadora “Revolução Constitucionalista” contra Getúlio Vargas, em 1932.

Todas as outras “estrelas” marcam a presença da corporação na repressão violenta a revoltas e levantes populares, dentro e fora do estado. É o caso da rebelião de Canudos, da Revolta da Chibata ou da Greve Geral de 1917, em São Paulo.

Mas um dado bem atual também assusta. Apesar de estar sob administração petista, a capital paulistana tem 90% de suas subprefeituras comandadas por coronéis aposentados da PM. Não à toa, a cidade é marcada pelos maiores índices de violência policial do mundo.

Por outro lado, Carneiro lembra as condições degradantes de trabalho da grande maioria das tropas policiais, com salários baixos e alto índice de mortes e sequelas. Além disso, inexiste liberdade de expressão e de sindicalização na corporação, contribuindo, diz ele, para “uma cultura de submissão e acobertamento corporativo de toda sorte de irregularidades”.

Se o brasão da PM também contabilizasse chacinas de pobres e pretos, seria uma grande galáxia sangrenta.

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17 de agosto de 2015

Há 20 anos, Florestan Fernandes já temia pelo PT

Perdemos Florestan Fernandes em agosto de 1995. O filho de empregada doméstica que foi engraxate, ajudante de alfaiate, garçom, tornou-se um cientista social respeitado mundialmente. Mas jamais esqueceu sua origem proletária.

Em 1991, auge do neoliberalismo, a esquerda marxista estava sob forte ataque. Foi organizado um Ato em Defesa do Marxismo em São Paulo, do qual Florestan participou como convidado de honra. Em um trecho de seu discurso que merece destaque, ele se mostrava preocupado com:

...partidos de esquerda que, depois de alguns anos, ficam encantados com sua posição. Deixam de ser revolucionários e trabalham pelo social-reformismo, não pela revolução. O social-reformismo significa a reprodução da ordem existente. É um processo reacionário pelo qual a burguesia cede parcelas de riqueza, de cultura e de poder em troca de obediência, subalternização e aumento da exploração.

Eleito deputado federal duas vezes pelo PT, Florestan dizia que a experiência não foi nada agradável, mas serviu para mostrar-lhe como funcionavam as entranhas da dominação burguesa.

Ao mesmo tempo, em seu livro “Democracia e desenvolvimento”, de 1994, ele se mostrava preocupado com os rumos de seu partido:

Quanto ao PT, existem dentro dele várias tendências e a sua riqueza reside na confiança que conseguiu despertar nas massas trabalhadoras – primeiro em algumas cidades e, em seguida, numa extensão mais ampla da sociedade brasileira, inclusive no campo. Agora, se o PT ficar numa posição não socialista, não fará sequer uma revolução dentro da ordem, será apenas instrumental para essa modernização dirigida a partir de fora e de cima!

Nem todos os que têm raízes nas lutas proletárias foram fiéis a elas como Florestan.

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16 de agosto de 2015

A inocência como herança genética

Com cartilha, igrejas nos EUA ensinam negros a ‘sobreviver a abordagens policiais’”, é o título de matéria de João Fellet, publicada pela BBC Brasil em 14/08.

Não há qualquer ironia no título. Afinal, para um negro ser abordado por um policial é meio caminho para ser agredido ou morto por ele.

Segundo a reportagem, cartilhas distribuídas por igrejas recomendam aos negros que não apenas mantenham-se inocentes e retos em suas vidas, mas que pareçam sê-lo.

Diante do insulto ou da agressão de um policial, recomenda-se manter a calma, ser submisso, cooperativo e reclamar depois.

Quando se é preto e pobre, orientações como essas perdem seu caráter absurdo. Mas é duvidoso que elas funcionassem em terras brasileiras. A recente chacina de Osasco, na Grande São Paulo, é mais uma prova disso.

Consta que as dezenove vítimas, todas pretas ou não suficientemente brancas, foram indagadas se tinham “passagem pela polícia”.

É muito provável que qualquer resposta levaria à covarde execução. Sendo fichados, mereceriam a morte. Não sendo, seriam mortos por mentirem.

As autoridades, novamente, recomendarão rigor na apuração ou leis mais duras. Providências a serem ignoradas, já que seus executores são exatamente os que têm interesse em não cumpri-las.

A não ser que voltássemos a Nina Rodrigues, que, em 1894, publicou o livro “As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil”. A obra propunha dois códigos penais, um para brancos, outro para negros.

Assim, colocaríamos os esquadrões da morte dentro da lei e livraríamos suas vítimas da triste ilusão de que são protegidas por ela. A inocência passaria a ser oficialmente uma marca de nascença.

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14 de agosto de 2015

Um pacto sujo em gestação

O ajuste neoliberal do governo Dilma ganhou reforços de Renan Calheiros. A tal Agenda Brasil quer fazer no varejo o que Joaquim Levy pretende implementar no atacado.

Entre as propostas de Calheiros, o pagamento pelos serviços do SUS, aumento da idade para aposentadoria, liberação da exploração das terras indígenas, desmonte total da legislação ambiental, terceirização liberada, mais concessões para o capital nacional e estrangeiro, mais dinheiro público para o setor privado.

O governo aceita discutir essa pauta vergonhosa para fazer as pazes com Renan e isolar Cunha. Mas as propostas de um são as do outro. Ambos representam os mesmos interesses ligados ao grande capital. Por isso, dirigem um Congresso Nacional cujos membros, em sua quase totalidade, foram eleitos com generoso financiamento empresarial.

Na verdade, há um grande pacto sendo fechado entre governo, parlamento (incluindo a oposição), grandes empresários e pelegos em geral. A dúvida maior é se esse acordo funciona melhor com Dilma ou sem ela. A grande imprensa já fez sua proposta: sangrar a presidenta sem matá-la, massacrar o PT sem dó, endeusar Levy e salvar o ajuste neoliberal.

E enquanto isso, uma legislação contra o direito à manifestação está sendo aprovada na Câmara. O pretexto é combater o terrorismo. O verdadeiro alvo é quem luta contra a injustiça e a exploração. Não à toa, o projeto é assinado pelo tucano Joaquim Levy e pelo petista José Eduardo Cardozo.

Os únicos que estão de fora desse arranjo sujo é a maioria trabalhadora. São os que já estão pagando a conta da crise e a quem querem impedir até de resistir. Não conseguirão.

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12 de agosto de 2015

Vito Giannotti e a história da luta dos trabalhadores

Edson Dias
Em seu livro “História das lutas dos trabalhadores no Brasil”, Vito Giannotti explica porque a classe trabalhadora tem que contar sua própria história.

Segundo ele, na história oficial só são citados “presidentes, ministros, generais, reis e rainhas”. Fala-se de tudo, “só não se fala dos trabalhadores”. Para comprovar, Vito apresenta um documentário da editora Abril, de 1989, centenário da proclamação da República.

Destaca, especialmente, os vinte anos entre 1944 e 1964. Período marcado pela forte presença da classe operária, milhares de greves, manifestações e lutas no campo e na cidade. Todas travadas corajosamente por homens e mulheres e que só seriam barradas pela repressão sanguinária e covarde do golpe de 1964.

Mas, diz Vito, o documentário focaliza aquele pedaço da História do Brasil sem que apareçam as palavras “operário”, “greve” ou “classe trabalhadora”. E exemplifica com um levantamento de quantos segundos a produção dedica a “vários fatos ou factoides” daquele período:

- Cassação do PCB, partido com 16 deputados federais = 5 segundos
- Criação da Petrobrás = 7 segundos
- Cassação de um ilustre desconhecido e insignificante deputado, fotografado de casaca e cueca = 12 segundos
- Derrota da candidata brasileira no “Miss Universo” = 17 segundos
- Quantas vezes é falada a palavra greve = nenhuma
- Quantas vezes é falada a palavra operário = nenhuma
- Quantas vezes é falada a palavra classe operária = nenhuma

“Esta é uma bela aula de como a burguesia trata nossa história”, conclui ele. E uma linda aula de um mestre da comunicação e educação para a revolução e a liberdade, concluímos nós.

Valeu, de novo, Vitão!

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11 de agosto de 2015

É racismo, puta que o pariu!

Em 1963, uma bomba explodiu dentro de uma igreja batista no Alabama, Estados Unidos. Quatro meninas negras morreram.

Furiosa, Nina Simone compôs “Mississippi Goddam”, referindo-se a um dos estados americanos mais racistas. Nascia a guerreira. Explodia a raiva que ela acumulava desde que foi rejeitada como pianista clássica por ser negra.

A partir daí, Nina engajou-se firmemente na campanha pelos direitos civis e contra o racismo. Passou a compor canções de denúncia e protesto. Citava Luther King, Malcolm X e buscava inspiração em organizações como a dos Panteras Negras.

Foi o bastante para que a indústria cultural começasse a fechar-lhe as portas. O sucesso estrondoso da musicista de jazz não resistiu a seu engajamento político. Mas não teve arrego. “Como você pode ser um artista e não refletir os tempos? Para mim, essa é a definição de um artista”, afirmou certa vez.  

Antes do Alabama, as ações da Ku-Klux-Klan e os corpos negros pendurados em árvores. Depois, o assassinato de King e Malcolm X. Em 1992, Las Vegas literalmente pegou fogo porque sua população negra não aguentava mais o racismo policial.

Nina não chegou a ver as recentes revoltas contra o ódio racial em Fergurson. Não cantou com raiva pelos corpos negros que tombaram novamente em uma igreja, em Charleston. Morreu em 2003, longe do sucesso, cheia de dignidade e na memória de todos os que se levantam contra o racismo.

A palavra “goddam” costuma receber traduções suaves como “droga” ou “maldição”. Mas a expressão mais adequada e que traduz toda a indignação e fúria que o racismo merece, sem dúvida, é “puta que o pariu!”

Ouça a música, clicando aqui

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10 de agosto de 2015

Quem paga imposto no Brasil são os pobres

A grande mídia adora falar em pesada carga tributária sobre os brasileiros. Mas não é bem assim.

Em 01/08 passado, matéria do G1 revelava: 71 mil brasileiros concentram 22% de toda riqueza”. Esses números foram deduzidos das declarações de imposto de renda divulgados este mês pela Receita Federal. Esta elite que representa 0,3% do total é formada por pessoas com renda mensal superior a 160 salários mínimos. 


O problema é que os quase 80% da população brasileira que recebem até três salários mínimos arcam com 53% da arrecadação tributária total. Enquanto isso, quem recebe acima de 20 mínimos contribui com apenas 7,3%. São números de matéria publicada em InfoMoney, de agosto de 2014.


Mas a maior injustiça, mesmo, está na elevada tributação sobre o consumo, que pesa bem mais no orçamento dos mais pobres. E é o que mostra reportagem do portal de notícias da Câmara Federal, publicada em 31/07/2015.

Segundo a matéria, a tributação sobre a propriedade responde por 6% da arrecadação brasileira. Metade do arrecadado em países como Estados Unidos e Reino Unido e 50% a menos que Argentina e França. Já os impostos sobre o consumo, chegam a 44% no Brasil, mais que o dobro da estadunidense e bem maior que a do Reino Unido ou França.


Números como estes, a grande mídia não divulga. Prefere falar da carga tributária como se ela pesasse igualmente para todos.

Talvez, a divulgação da mais recente lista de bilionários brasileiros da revista Forbes ajude a explicar porquê. São 15 famílias controlando 5% do PIB nacional. Em primeiro lugar, o clã dos Marinho, das Organizações Globo.

9 de agosto de 2015

O “haitismo” continua entre nós

Entre 1791 e 1804, a Revolução Haitiana estourou na ilha de São Domingos, então colônia francesa. Fundou a primeira república de africanos e aboliu a escravidão na ilha.

Em seu livro "Brasil: Uma Biografia", Lilia Schwarcz e Heloisa Starling mostram como a vitória dos pretos haitianos fez surgir no século 19 o “haitismo”. Era o medo que os escravocratas locais passaram a sentir de que seus escravos tentassem fazer algo parecido.

O temor era plenamente justificável. Afinal, segundo um cronista da época citado pelo livro, havia “seis escravos (...) para um só senhor, e onde, por consequência, o desejo inveterado das vinganças é como seis para um”.

Duzentos anos depois, uma onda de haitianos chega ao Brasil fugindo do estado calamitoso em que afundou seu país. Uma situação que a presença de tropas lideradas por militares brasileiros ajudou a piorar.

Dois séculos depois, há alguns dias, em São Paulo, em plena luz do dia, um homem gritou para um grupo de haitianos: “Vocês estão roubando emprego dos brasileiros”. Depois, atirou, ferindo seis dos haitianos.

O haitismo já não representa ameaça nem há mais escravidão. Mas continuamos a ser uma das sociedades mais injustas do planeta. E se não há mais seis cativos para um senhor, há muitos explorados e humilhados para poucos bilionários.

Nossas elites racistas não deveriam temer os haitianos recém-chegados. A verdadeira ameaça pode vir dos que já estão aqui, sendo pisoteados há séculos. São estes que sentem crescer cada vez mais aquele “desejo inveterado das vinganças” que nunca foi saciado.

Invadimos o Haiti, mas ele continua sendo aqui.

8 de agosto de 2015

O partido da grande imprensa quer tranquilidade para Dilma

A grande imprensa vai mostrando porque é um dos partidos mais poderosos do grande capital e sua fração mais lúcida.

Diante da grave crise política por que passa o governo Dilma, o Globo publicou editorial em 07/08 mostrando o caminho. Pediu que os partidos políticos dessem “condições de governabilidade ao Planalto”

No dia seguinte, o mesmo jornal emitiu nova opinião sobre a crise na página 3. Desta vez, afirmou que a realização de novas eleições exigida por PDSB e Dem equivale a colocar a carroça à frente dos bois.

O editorial da Folha de 08/08 vai no mesmo sentido. Em “Vácuo de legitimidade”, o jornal paulista chama de “inoportuna” a proposta da oposição conservadora. E ainda acusa um ala dos tucanos de pretender “subordinar os meios jurídicos a seus fins eleitorais, vergando as regras da democracia para encurtar o caminho até o poder”.

O texto da Folha também alerta para a complexidade e riscos que envolveriam um processo de impeachment, considerado pelo jornal mais político que jurídico.

Já o editorial do Globo de 08/08, dedicou-se a bater no PT. Recomenda ao partido que apoie seu “próprio governo” sob o risco de voltar a seus “grotões”: sindicatos e movimento sociais.

Mas o recado implícito é destinado à oposição de direita: batam à vontade no PT, mas poupem Dilma. Afinal, a presidenta precisa de tranquilidade para implementar o ajuste neoliberal que nunca prometeu fazer antes de ser eleita.

Como se vê, o partido da grande mídia sabe que é preciso fazer. Nosso azar é que o campo conservador provavelmente seguirá suas orientações. Desorientação, mesmo, só na esquerda.

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Várias razões para defender Dilma. Nenhuma que preste

7 de agosto de 2015

Várias razões para defender Dilma. Nenhuma que preste

Com 71% de rejeição, o governo Dilma ultrapassou Collor em seus piores momentos e muita gente teme pelo futuro do governo petista. A começar pelo que se pode deduzir do editorial do jornal O Globo publicado hoje.

Em “Manipulação do Congresso ultrapassa limites”, o jornalão conservador ataca a irresponsabilidade de Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal. Denuncia seu oposicionismo oportunista, cujo único objetivo seria desviar a atenção das fortes evidências de corrupção que o envolvem.

O mesmo editorial elogia Renan Calheiros, que estaria se distanciando de Cunha. Também aprova o “acordo suprapartidário” sugerido pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Proposta que os tucanos deveriam apoiar, demonstrando assim a necessária “maturidade”, diz o texto.

Enquanto isso, a Folha traz a matéria “Governo busca apoio de elite empresarial para conter crise”. Para “driblar a crise”, diz o texto, o governo quer chamar a “elite empresarial brasileira” para conversar.

Entre os convidados, representantes de gigantes como Bradesco, Gerdau e Carrefour, considerados “relativamente próximos ao Executivo”. Causa estranheza apenas a afirmação de que o governo “precisa não só recuperar interlocução com os movimentos sociais, mas também refazer as pontes com o capital."

Não há qualquer “interlocução” séria possível com os movimentos sociais, já que a prioridade do governo sempre foi preservar as tais “pontes com o capital”, como, aliás, demonstram as fartas doações empresariais na última campanha presidencial.

O objetivo de toda essa movimentação? Aprovar o ajuste neoliberal de Joaquim Levy.

Portanto, é muito duvidoso que alguém realmente poderoso queira ver Dilma fora do governo. Já a esquerda que a defende, não poderia ter motivos mais tristes.

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As coerências da redução salarial

5 de agosto de 2015

Indígenas, sem terra ou sepultura

“Não temos terra nem para enterrar nossos familiares mortos pelos fazendeiros”. Estas palavras são do cacique da Aldeia Potrero Guassu, no Mato Grosso do Sul.

Foram dirigidas a uma comissão formada por parlamentares, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Funai e outras entidades em reunião realizada em junho passado com representantes de mais de 20 aldeias indígenas daquele estado.

Esta, porém, é só uma parte da realidade que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) mostra em seu relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil”, lançado em julho.

Entre as muitas informações assustadoras do levantamento, a constatação de que a cada 100 indígenas que morrem no Brasil 40 são crianças. Para Dom Erwin Kräutler, presidente do Cimi, o número confirma “que está em curso uma política indigenista genocida”.

Mas não é de agora. Em seu livro "Brasil: Uma Biografia", Lilia Schwarcz e Heloisa Starling lembram as constantes matanças que marcam os povos indígenas entre nós. Ao mesmo tempo, recuperam a romantização por que passou a figura do índio em nossa história a partir do século 19.

O fenômeno era parte do processo de criação de um “panteão de heróis nacionais” necessário ao país recém liberto do colonialismo português. “Por oposição aos africanos, que lembravam a vergonhosa instituição escravocrata, o indígena permitia selecionar uma origem mítica e estetizada”, dizem as autoras.

Um dos pioneiros dessa romantização foi Gonçalves Dias, cujo poema mais conhecido é “I-Juca-Pirama”. Mais profético do que poético, o título da obra quer dizer em tupi “o que há de ser morto”. O subtítulo poderia ser “e nem mesmo terá direito a uma sepultura digna”.

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Suicídio indígena, branco e ocidental


Punir não é o mesmo que fazer justiça

Orlando Zaccone é delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Conhecido por sua militância pela legalização das drogas, ele concedeu uma interessante entrevista que foi publicada no livro “Desmilitarizaçãoda polícia e da política: uma resposta que virá das ruas”.

Seu depoimento apresenta uma distinção importante entre justiça e punição: “Quando pensamos na justiça, pensamos na modificação de uma ordem injusta”. Fazer justiça, portanto, implica combater uma situação de desequilíbrio. E a mera punição, sem elementos educativos, só mantém ou aprofunda esse desequilíbrio.

É por isso, por exemplo, que as penas previstas pela lei devem ser não apenas proporcionais ao crime cometido como acompanhadas de medidas de reintegração social. Medidas que não beneficiariam apenas o condenado, mas também a sociedade, que o receberia de volta como cidadão.

Em condições ideais, esse já é um processo difícil. Mas fica muito pior em cadeias superlotadas, governadas pela lei do mais forte e onde praticamente inexistem programas de readaptação social. Sem falar num sistema que, muitas vezes, prende sem condenação formal.

É importante levar em conta esse contexto no debate sobre a redução da maioridade penal. A grande maioria de seus defensores quer punições tão duras para infratores jovens como as destinadas aos criminosos adultos.

Ocorre que o desequilíbrio original não nasce do ato infracional, mas do acesso precário a direitos como saúde, educação, lazer, cultura. Responder a essas carências com mera punição apenas realimenta os mecanismos de injustiça.

Reduzir meninos e meninas à condição de objeto de castigo significa antecipar sua perda para a vida social e confirmar mais uma vez o fracasso de nossa sociedade.

3 de agosto de 2015

Vito Giannotti e a conjuntura do satanás

Vito Giannotti gostava de contar uma historinha engraçada para demonstrar a importância da comunicação para a organização dos trabalhadores.

Nos anos 1980, na saída de uma reunião sindical, ele conversava com um operário iniciante na militância:

- Vito: E aí, rapaz, gostou da reunião?
- Gostei, sim. Só não entendo porque a gente não junta forças pra atacar logo o inimigo principal?
- Vito: Qual inimigo, os patrões, a Fiesp, o governo?
- Não. Essa tal de conjuntura!
- Vito: Como assim? Não tô entendendo?
- Ué, na reunião, o pessoal ficava falando “a conjuntura não ajuda”, “a conjuntura tá contra nós”, “a conjuntura é desfavorável”. Então, a gente tem que acabar com essa conjuntura, logo. Fazer picadinho desse satanás!

Aquela conversa mostrou a Vito que um dos maiores problemas para a organização dos trabalhadores não era só patrão, Fiesp, governo. Também era nossa incapacidade de nos comunicar com as “pessoas normais”, como ele dizia.

Sem isso, continuaremos a falar apenas por algumas dúzias de pessoas iniciadas. Afinal, para mudar, transformar, revolucionar a sociedade, é preciso falar para milhões de “pessoas normais”. Do contrário, não travamos a disputa de hegemonia para fazer a visão libertadora dos explorados prevalecer.

Esta era a grande luta de Vito Giannotti. Por isso, seus vários livros em linguagem simples, direta, cortante, sem perder a radicalidade. Daí, a publicação de “Manual de Linguagem Sindical”, “Dicionário de Politiquês”, “Muralhas da Linguagem”...

Desde aquela conversa, a obra de Vito vem nos ajudando muito a superar esse problema. Só o que não mudou tanto assim foi a conjuntura, que continua sendo uma coisa do satanás!

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2 de agosto de 2015

Gramsci, conservadorismo e progressismo em São Paulo

Em 01/08, a Revista Fórum publicou a matéria “São Paulo, muito mais que ‘cidade reacionária’” sobre a pesquisa “Conservadorismo e Progressismo na Cidade de São Paulo”, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a ser lançada em agosto.

O levantamento revelaria uma “metrópole complexa: libertária diante de casamento gay, legalização da maconha ou famílias heterodoxas”. Conservadora em relação a temas como as cotas e maioridade penal.

Os resultados verificados mostrariam que a maior cidade do País não tem vocação conservadora tanto quanto não tende para a rebeldia. Mas, talvez, a pesquisa só confirme aquilo que, graças a Gramsci, já sabíamos em relação a qualquer arranjo social complexo da contemporaneidade.

O revolucionário italiano costumava definir o “senso comum” como “uma concepção fragmentária, incoerente, inconsequente, conforme a situação social e cultural da multidão". Estes elementos formariam um “bom senso” que naturaliza as relações sociais vigentes e desencorajam sua mudança. 

No entanto, fazem parte dessa maçaroca ideológica elementos que podem ser utilizados na luta contra a própria ordem social injusta em que vivemos. Na verdade, somente sua existência possibilita mostrar a incoerência da ideologia dominante e a falsidade da visão de mundo que ela defende.

Ser, ao mesmo tempo, favorável ao casamento gay e à redução da maioridade penal, por exemplo, somente é possível quando o horizonte geral que predomina é conservador. Arrancar do domínio desse horizonte os elementos progressistas e articulá-los a uma concepção emancipadora é tarefa dos revolucionários.

A isto Gramsci chamou disputa de hegemonia. E seu ponto de partida é a recusa em aceitar qualquer sociedade como sendo essencialmente conservadora ou inevitavelmente contestadora.

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