Doses maiores

28 de maio de 2015

O reformismo petista já não pode ser reformado

O PT se aproxima de seu congresso nacional em profunda crise. Não só pelos graves problemas do governo federal, nem devido aos ataques dos conservadores. Há também os equívocos ligados à própria organização do partido.

Um dos mais grave erros desse tipo foi abordado em uma reportagem do Globo publicada em 24/05. A matéria fez um levantamento das teses que serão discutidas no congresso, em junho.

Um dos temas destacados é o Processo Eleitoral Direto (PED), adotado a partir de 1999 e no qual os dirigentes petistas são eleitos diretamente pelos filiados. Seis das setes teses apresentadas propõem alterar radicalmente este processo, apontando para seu abandono.

Na verdade, o PED contribuiu para transformar o PT em uma máquina burocratizada e distante da militância. Trouxe para o partido o que a democracia formal tem de pior. Não à toa, os documentos internos falam em despolitização, abuso de recursos financeiros, filiações em massa e compra de votos.

Tentando superar esses problemas parte do coletivo partidário parece defender uma espécie de reforma política interna para resgatar o antigo partido militante. Mas para isso, seria preciso romper com o projeto que inspirou a própria criação do PED.

Um projeto baseado na crença de que é possível conciliar os interesses de explorados e exploradores, oprimidos e opressores em um dos países mais injustos do planeta.

Uma visão tão equivocada que levou a uma política econômica incapaz de romper com o neoliberalismo. E não só exigiu uma prática que afundou o partido no lamaçal da política institucional. Também tornou impossível reformar o reformismo falido do PT.

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