Doses maiores

11 de dezembro de 2014

A coerência econômica do PT e as decepções com Dilma

O segundo governo Dilma nem começou e já provoca decepções. Mas elas são injustas.

Logo após a indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, o ultraneoliberal tucano Gustavo Franco publicou um artigo comparando a nomeação à Carta aos Brasileiros, divulgada por Lula em 2002. Era a chamada Carta aos Banqueiros, que assegurava que os interesses do setor financeiro não seriam prejudicados.

Eleito, Lula foi coerente. Nomeou o banqueiro tucano Henrique Meirelles para o Banco Central. No período seguinte, surgiu uma combinação de fatores que permitiu um crescimento econômico que há muito tempo não se via no País. Dentre esses fatores, destacam-se uma enorme expansão da economia mundial e a explosão dos preços das commodities. Sorte de Lula.

O azar de Dilma foi iniciar seu governo em plena crise mundial. Demorou, mas a onda que vinha paralisando as economias centrais desde 2008 derrubou a demanda mundial por commodities e, junto com ela, o ritmo da economia brasileira. Dilma assumiu com um déficit externo de 30 bi. Encerrou seu segundo mandato com 80 bi negativos.

O fato é que do 1º ao 12º ano de mandatos petistas no governo federal, o País jamais deixou de ser tão dependente da economia mundial como sempre foi. Mudou apenas o fator principal dessa dependência: o agronegócio, que cria poucos empregos e produz injustiça social e destruição ambiental em doses tóxicas.

Portanto, não há nada de muito decepcionante nas escolhas econômicas de Dilma. Decepção, mesmo, é ver aquela que foi torturada nos porões da ditadura defender uma lei de anistia feita para perdoar seus carrascos.

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