Doses maiores

15 de outubro de 2014

O lugar dos tucanos é atrás das grades

Uma das principais propostas de Aécio Neves é a redução da maioridade penal. Ela indica uma lógica de direita, autoritária e conservadora.

Alguns textos contrários à medida circulam na internete. Argumentam que onde ela foi adotada, a violência não teria diminuído, mas aumentado.

Outros dizem que a proporção de crimes cometidos por menores que justificariam a penalização não ultrapassa 1% do total.

O problema é que a lógica conservadora inverte estes raciocínios. Aécio, por exemplo, está dizendo que a redução não é uma medida radical exatamente por que só atingiria 1% dos infratores.

E se a violência aumentou onde a maioridade penal foi reduzida, dizem os direitistas, imagine se ela não tivesse sido adotada.

Está provado que reforços punitivos só geram mais comportamentos violentos. Mas interessa ao Estado aumentar a violência social para ampliar seu controle sobre os explorados e oprimidos.

Eis por que a resposta padrão dos tucanos para os problemas sociais é mais policiamento, mais prisões, mais punições. Um conservadorismo que foi elemento importante na vitória tucana em São Paulo.

A desigualdade continua brutal no País. A violência decorrente dela também se brutaliza e justifica o encarceramento em massa.

Com isso, os presídios se tornaram quartéis generais dos bandidos. As facções criminosas dentro das prisões controlam a delinquência fora delas.

O sistema penal combate o crime fornecendo soldados às organizações que ficam no interior de suas próprias dependências.

É uma espécie de Parceria Público-Privada. Uma PPP do PDSB com o PCC.

Os tucanos bem que poderiam trabalhar diretamente com seus parceiros presidiários. Motivos para que também fiquem atrás das grades não faltam.

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Um comentário:

  1. Contundente. O meu maior inimigo do meu inimigo não é meu amigo. É isso, o nosso ataque principal precisar se a ele.

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