Doses maiores

1 de outubro de 2014

Levy Fidelix e os macacos bonobos

Causaram justa indignação as declarações feitas por Levy Fidelix, candidato à Presidência da República nas próximas eleições. Em debate realizado em 29/09, ele atacou os homossexuais com afirmações do tipo “duas pessoas iguais não fazem filho” e “aparelho excretor não reproduz”.

Mas, como ele, muita gente acha que as relações homoeróticas desafiariam a “normalidade” das relações sexuais ao não permitir a reprodução da espécie. São concepções que ignoram o fato de que a sexualidade humana vai muito além de suas funções reprodutivas.

É por isso, por exemplo, que não somos escravos dos períodos de cio, como outros animais. Do contrário, o ato sexual seria apenas a execução de um programa de algoritmos genéticos. As relações entre atração, paixão e amor não seriam tão fascinantes e misteriosas. Por consequência, estaríamos privados de uma enorme fonte de inspiração para muitas das mais belas obras da arte humana.

Sem falar, claro, em horóscopos com somente três signos e nossos aniversários amontoados em apenas alguns meses do ano. Uma chatice...

Por outro lado, nem mesmo entre os animais, a infeliz ideia expressada por Fidelix é regra geral. É o caso dos macacos bonobos, cuja sexualidade tem na reprodução da espécie apenas uma de suas funções. A vida erótica deles inclui relações entre indivíduos de mesmo sexo, masturbação, diversidade de posições, brincadeiras, disputas pelo poder etc.

Ou seja, Fidelix e muitos outros que compartilham de seus preconceitos teriam muito que aprender com os bonobos. Mas dificilmente, os divertidos primatas aceitariam alunos tão estúpidos.

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