Doses maiores

18 de setembro de 2014

As ideias dominantes dominam a academia

“Como os ricos dominam” é o título de artigo publicado pelo Valor, em 11/09, escrito por Dani Rodrik, professor de Ciências Sociais em Nova Jersey, Estados Unidos. A principal questão do texto é saber como políticos se elegem e são reeleitos, mesmo quando atendem principalmente os interesses da minoria mais rica.

Tentando responder a pergunta, a matéria cita estudo de dois cientistas políticos estadunidenses. Martin Gilens e Benjamin Page utilizaram dados de pesquisas de opinião realizadas entre 1981 e 2002 nos Estados Unidos. Eles teriam descoberto que quando os interesses das elites são distintos daqueles do restante da sociedade, é a opinião das primeiras que conta para os governantes.

O que explicaria, então, as permanência de governos que agem dessa forma há décadas? O fato de que os “cidadãos comuns” frequentemente têm preferências similares aos dos mais ricos, concluem os pesquisadores. Seria a adoção pelos debaixo dos valores e ideias que favorecem os que ficam acima deles na escala social.

A conclusão semelhante já haviam chegado Marx e Engels em 1846. É o que mostra o famoso trecho de sua obra “A Ideologia Alemã”, que diz: “as ideias dominantes em uma sociedade são as ideias da classe dominante”.

Mas os revolucionários alemães não chegaram a essa conclusão através de estudos acadêmicos. Seu campo de pesquisa era o mesmo em que eram parte atuante. O da militância política. Marx e Engels não estavam à frente de seu tempo. Apenas ligaram-se aos interesses da maioria explorada que lutava por outro futuro.

150 anos depois, a academia ainda reluta em reconhecer o óbvio porque é dominada pelas ideias dominantes.

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