Doses maiores

21 de agosto de 2014

Sobre Marina Silva, rédeas e cabrestos

“Marina Silva toma as rédeas da campanha” disse o Globo, ontem. Referia-se ao fato de a ex-senadora ter assumido o lugar de Eduardo Campos nas eleições presidenciais.

O  exagero é evidente. Marina Silva vai ter como vice o deputado federal Beto Albuquerque. O parlamentar gaúcho encontrou no agronegócio grande parte dos doadores de sua campanha.

O partido que Marina quer construir chama-se Rede da Sustentabilidade. A sanha dos ruralistas por lucro não combina com qualquer sustentabilidade, muito menos a ambiental.

Como disse Luciana Genro em artigo no site da Carta Capital, Marina é a segunda via do PSDB. Por trás do discurso pretensamente ambientalista, está a continuidade da política econômica herdada dos tucanos e mantida pelos petistas no que ela tem de essencial.

O principal assessor econômico de Marina é Eduardo Gianetti. Ele diz, por exemplo, que é preciso trazer de volta o tripé “superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante”. Mas essa trindade maldita está intacta há décadas, sugando enormes recursos do orçamento público. Tirando dinheiro de serviços públicos como saúde e educação.

Como diz Luciana, as manifestações de junho mostraram que o PT já não consegue manter uma liderança segura sobre os movimentos sociais. Marina seria uma boa alternativa, caso Aécio venha a fracassar. Principalmente, porque aparenta manter certa independência.

Mas a coligação encabeçada pela ex-senadora inclui Alckmin, em São Paulo, o petista Lindberg Farias, no Rio, e o tucano Beto Richa, no Paraná. Uma candidatura com tais alianças jamais dominará as rédeas. Vai somente se acomodar a velhos cabrestos.

2 comentários:

  1. Acho difícil mudar o Brasil com economistas liberais dirigindo o programa de governo de Marina. Assim, os Dados continuarão rolando.

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