Doses maiores

23 de junho de 2014

Não tem Fla-Flu no Oriente Médio

O presidente do Irã não veio para a estreia de seu país na Copa. Não é que tenha adivinhado que o jogo não passaria de um zero a zero xoxo. As coisas é que ficaram ainda mais confusas no Oriente Médio.

Para ter uma ideia, os governos iraniano e estadunidense admitem algum nível de colaboração para ajudar o governo do Iraque. O país foi invadido por tropas do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Isis). Também conhecidos como “jihadistas”.

O Isis pretende fundar um ditadura sunita na região e ameaça passar por cima de quem se opuser. Entre estes, os xiitas, que governam tanto o Irã como o Iraque. Enquanto isso, os curdos aproveitaram a confusão para tomar o controle da província iraquiana de Kirkuk.

Os jihadistas surgiram em reação à invasão do Iraque, mas se fortaleceram na guerra civil síria. Provavelmente, receberam ajuda da Arábia Saudita. Mas também foram financiados pelos Estados Unidos, que quer o fim da ditadura síria. Agora, atravessaram a fronteira para derrubar o governo iraquiano.

Ou seja, se há um grande culpado nisso tudo, são os Estados Unidos. Eles apoiaram Bin Laden contra o imperialismo soviético no Afeganistão e ajudaram a criar a Al-Qaeda. Agora, fortaleceram o Isis e colocaram fogo no Oriente Médio novamente.

Mas nada autoriza a enxergar esses conflitos como uma espécie de Fla-Flu. Não é possível apoiar as ditaduras locais ou forças fundamentalistas porque não são aliadas dos imperialistas ocidentais. Muito menos, ficar ao lado do imperialismo chinês ou russo.

Qualquer possível resposta tem que surgir de baixo pra cima. Da organização revolucionária dos povos envolvidos.

2 comentários:

  1. Acho que não dá pra afirmar desse modo, Sturt. Se entendermos esses acontecimentos como históricos, há um processo a ser levado em conta. Atualmente, passamos por uma contra-ofensiva, mas há muitas variáveis em jogo na região, incluindo um relativo afastamento dos EUA, isolamento de Israel, profundas contradições envolvendo Iraque, Irã, Síria etc. Pra usar uma comparação pouco pertinente, a Revolução Russa começou, na verdade, em 1905, com a fundação dos primeiros sovietes. Só 12 anos depois houve um desfecho favorável aos explorados. Não quer dizer que será assim no mundo árabe-africano, mas é preciso evitar avaliações muito em cima dos fatos que nos são apresentados à distância.
    Abraço

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