Doses maiores

13 de junho de 2014

A restauração soviética da família e do capitalismo

Esta é para encerrar os comentários ao livro “As Mulheres, o Estado e a Revolução”, de Wendy Z. Goldman.

A autora conclui a obra afirmando que entre 1917 e 1936, a política soviética em relação à família foi completamente invertida. O compromisso radical com a liberdade individual e pelo “definhamento" da família deu lugar a uma política de reforço repressivo da unidade familiar.

Fator importante para essa situação foi certamente a adoção da Nova Política Econômica no início dos anos 1920. Se a Revolução venceu o imperialismo no campo militar, foi derrotada no terreno econômico. A destruição da estrutura produtiva do país levou ao restabelecimento do império das leis econômicas sobre a vida social, ainda que sem livre mercado.

Uma das consequências foi a retomada do papel da família como fator importante para a reprodução da vida econômica. Isso permitiu que o Estado deixasse de usar recursos para manter serviços como creches e lavanderias e restaurantes coletivos. A dura carga do trabalho doméstico caiu novamente sobre as mulheres.

Mas mesmo quando surgiram mais oportunidades nas fábricas e serviços, às mulheres restaram as piores ocupações e os menores salários. Exatamente como acontece em toda economia capitalista.

Não à toa, Wendy diz que a inversão no papel da família foi acompanhada por mudanças na ideologia do Estado e nas leis. Os setores libertários do Partido Bolchevique foram eliminados junto com as conquistas da Revolução. A vitória da lógica do capital transformou a União Soviética em potência econômica, mas enterrou o socialismo.

Precisamos arrancar da História novas oportunidades para retomar as conquistas revolucionárias de 1917.

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