Doses maiores

6 de dezembro de 2013

Engels, o anjo torto de Marx

“Quando nasci, um anjo torto / desses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida”. Os versos de Drummond serviriam para “Carlos” Marx. Seu anjo torto foi Engels, sobrenome que lembra “anjo” em alemão.

Grande personagem do livro “Amor e Capital”, de Mary Gabriel, Engels administrou as empresas de sua família por muitos anos. Odiava o papel de patrão, mas tinha um ótimo motivo. Garantir a Marx os meios materiais para atuar politicamente e elaborar sua teoria.

Ao lado de Jenny, foi grande responsável pela existência de “O Capital”. Sem o apoio dos dois, Marx jamais teria conseguido concluir grande parte de sua maior obra.

Mortos Jenny e Marx, Engels assumiu os cuidados com suas filhas, sempre em apuros com seus maridos irresponsáveis. Sem filhos, deixou a maior parte de sua fortuna para elas e para os netos de Marx.

Mas nem tudo se resumia a dificuldades. Marx e seu anjo escreveram obras geniais juntos, bebiam aos montes, compravam brigas homéricas.

Engels também era torto no sentido boêmio da palavra. Muito bom de copo e, na juventude, grande conquistador de corações.

O anjo gostava de usar a espada. Adorava lutar nas barricadas. Por isso, as meninas Marx o apelidaram de General.

Foi feliz em duas longas uniões amorosas. Em ambas, com operárias analfabetas, comprometidas com a luta socialista.

Engels era um teórico brilhante. Sua obra, tão importante quanto a de seu protegido.

A seu enterro compareceram novos anjos tortos, que ele ajudou a formar. Uma legião que se tornaria o pesadelo dos poderosos nas décadas seguintes. Entre eles, Vladimir Lênin.

Leia também: A luz de Jenny à sombra de Marx

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