Doses maiores

14 de julho de 2013

Estado policial e fascismo

“Uma guerra particular” é o título da entrevista que a socióloga Vera Malaguti Batista deu à revista Carta Capital. O depoimento da secretária-geral do Instituto Carioca de Criminologia foi publicado em 08/07.

Vera alerta para a progressiva expansão do "Estado policial" na sociedade brasileira. E uma das manifestações desse fenômeno seria a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), que ela chamou de “gestão policial da vida dos pobres”.

Para Vera, a UPP “não é policiamento comunitário, é uma tomada de território por forças militarizadas. Algo muito semelhante ao que ocorre na Palestina, no Iraque, no Afeganistão”. Ela explica:

O tipo de atuação policial que se faz nas favelas ocupadas pela polícia no Rio só poderia ser feita na zona sul da cidade caso o governo decretasse “estado de sítio”. Há toques de recolher, abordagens ostensivas, invasão de domicílios sem mandado judicial, a proibição de tudo. Os moradores do morro do Cantagalo costumam reclamar que os bares de Ipanema ficam abertos a noite toda, mas as biroscas da favela têm horário para fechar. Para fazer uma festa em casa, o morador de lá tem de pedir autorização.

Mas as explosões de violência policial nos recentes protestos populares mostram que essa “guerra particular” pode se generalizar. Até pacatos moradores de bairros de classe média sentem um pouco da repressão que é cotidiana nas favelas e periferias.

É o grave risco que correm sociedades que aceitam soluções autoritárias para seus problemas sociais. Nada impede que o Estado policial ainda se volte contra quem sempre aplaudiu sua truculência. Em outros lugares e momentos, este fenômeno recebeu o nome de fascismo.


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