Doses maiores

26 de abril de 2013

Na China, ovos piratas e melancias que explodem

No final dos anos 1980, os ideólogos do capitalismo começaram a dizer que a história tinha acabado. A queda do Muro de Berlim e a decadência soviética seriam as maiores provas. Só restava o capitalismo, diziam. Era a vitória do pós-modernismo.

Nessa mesma época, a China dava os primeiros passos para tornar-se potência econômica no século 21. Mas poucos viriam a atribuir o sucesso chinês a sua “economia comunista”. Afinal, o que não faltam lá são empresas capitalistas bombeando lucros para o ocidente. Seu comunismo não passa de capitalismo de estado disfarçado de socialismo.

Apesar disso, a China acabou desmentindo muitas lendas pós-modernas. Uma delas era a de que a classe operária está desaparecendo. Há mais operários chineses hoje que em toda a história do capitalismo. Outra lenda: a indústria não era mais a locomotiva da economia mundial. Basta que a imensa linha de montagem chinesa desacelere para que todo o planeta fique à beira da recessão.

Mais uma: a exploração brutal de trabalhadores deu lugar à atividade criativa de “colaboradores” assalariados. Mas a economia mundial vive da superexploração da força de trabalho chinesa. Uma exploração que torna as matérias-primas tão baratas que permite piratear ovos.

É isso mesmo. O caso está na matéria “Ovo made in China”, de Janaína Silveira, publicada na revista Superinteressante de março passado. Além dos ovos, também são pirateados melancias e leite em pó. Seu consumo pode matar e causar doenças e mutilações. As melancias são tão carregadas de química que chegam a explodir.

A China mostra até onde pode chegar o capitalismo. E é monstruoso.

Leia também: China: potência ou bomba-relógio?

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