Doses maiores

10 de janeiro de 2013

A prosa dos petistas e o pau dos latifundiários

O governo Dilma é responsável pelos piores números da Reforma Agrária desde 1994. Gerson Teixeira é ex-presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária. Ele deu um depoimento muito esclarecedor à IHU On-Line sobre essa vergonhosa situação.

Na entrevista intitulada “O agronegócio e o abismo agrário-ambiental”, ele diz que com FHC tivemos “muito pau e pouca prosa”. O período Lula teria sido marcado por “muita prosa e pouco pau”. Sob Dilma, estaria valendo “pouco pau e nenhuma prosa”.

FHC teria como limite político o latifúndio. Os limites de Lula eram impostos pelo agronegócio. Mas Dilma teria ignorado todos os limites. Como não podia com eles, juntou-se a eles. É o que se deduz do que diz o entrevistado:

...chegamos a um estágio em que a política agrária e a política ambiental passam a ser instrumentais à expansão do agronegócio. Perdeu o caráter de administração de conflitos e se transforma em instrumento do próprio agronegócio.

Mas não é justo responsabilizar apenas o atual governo. Teixeira revela que o esvaziamento da Reforma Agrária foi definido por “um processo político interno do PT”, já em 2002. O objetivo seria evitar que desgastes comprometessem a “governabilidade” petista junto a uma parte da base aliada.

Quase uma década depois, já sabemos qual a governabilidade que se buscava. O agronegócio e outros setores do grande capital não poderiam estar mais tranquilos. Enquanto isso, o último relatório anual da Comissão Pastoral da Terra mostra um aumento de 24% nos conflitos no campo entre 2010 e 2011.

O atual governo petista realmente é de pouco prosa. Mas os latifundiários continuam a baixar o pau.

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