Doses maiores

26 de outubro de 2012

Economia: aderindo a modas perigosas

No artigo “Feio, mas ainda na moda”, Vinícius Torres Freire diz que o investimento estrangeiro direto no País alcançou US$ 47,6 bilhões em setembro. Pode chegar a ser “o segundo maior da história". Ou seja, conclui o jornalista, apesar da feiúra de seus números econômicos, o País continua na moda.

Mas o texto publicado na Folha, em 25/10, também avisa: "empresas estrangeiras compram as brasileiras em baciadas”. E cita dezenas de aquisições feitas nos últimos seis meses. É o caso da compra da Amil pela americana UnitedHealth, do Rapidão Cometa pela FedEx e da Ypióca pela britânica Diageo.

Enquanto isso, em 23/10, a revista “The Economist” publicou reportagem sobre a desaceleração da economia dos chamados BRICS: Brasil, Rússia, China e Índia. O título da matéria, “Broken Brics” (Brics Quebrados), é exagerado, mas cita dados nada bons.

Nos últimos anos, afirma a matéria, o crescimento econômico dos chamados “emergentes” vem despencando: os 10% da China caíram para 7%, os 7% da Rússia se tornaram 3,5% e os 5% do Brasil não chegam a 2%, hoje.

É uma avaliação contraditória em relação ao que indica o artigo de Freire. Mas aponta algo perigoso. Nosso parque industrial vai ficando ainda mais internacionalizado. Os rumos de grande parte da produção do País são decididos cada vez mais fora de suas fronteiras.

O dinheiro chega porque a situação lá fora está pior. E, aqui, os salários baixos garantem lucros altos. Mas a crise já começa a atingir nossa economia. Os investimentos podem fugir com relativa facilidade. Aí, podemos aderir à última das modas pelo mundo: a quebradeira generalizada.

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