Doses maiores

16 de outubro de 2012

Muitos sem terra, poucos sem iate

“Os ‘sem-lancha’ da cidade classe A” diz título de reportagem de Henrique Gomes Batista para o Globo de 15/10. Trata-se de Florianópolis, cuja proporção de ricos é a maior entre as capitais. São 28% da população na chamada “classe A”. Com a carência de marinas na cidade, essa faixa populacional tem sido obrigada a restringir a compra de embarcações.

Também em 15/10, a IHU On-Line publicou entrevista do historiador Paulo Pinheiro Machado sobre a Guerra do Contestado. O conflito ocorreu entre 1912 e 1916 na divisa entre Santa Catarina e Paraná. Uma perseguição policial levou um grupo de sertanejos catarinense a fugir para o Paraná. Foram recebidos à bala pelas autoridades locais.

Enquanto os camponeses eram reprimidos pela polícia, a Brazil Railway Company construía uma ferrovia na região. A empresa inglesa trouxe mão de obra europeia para as obras, expulsando os nativos. Foram jogados uns contra os outros para viabilizar a nascente exploração capitalista da região.

Cem anos depois, a vida continua difícil para os dois grupos. Segundo Machado, “os participantes dos assentamentos e acampamentos da reforma agrária” podem ser considerados “remanescentes do movimento do Contestado”. E os colonos de origem europeia “perderam suas terras nas últimas décadas para bancos, comércio e agroindústria”.

Os dois extremos catarinenses são vergonhosos. De um lado, muita gente sem terras para produzir. De outro, alguns ricos sem ter onde ancorar seus iates. Mas a situação não é diferente no restante do país. Na mesma edição de O Globo, nota afirma que os milionários brasileiros possuem mais dinheiro que as reservas internacionais de todos os países da União Europeia juntos.

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