Doses maiores

25 de setembro de 2012

Lulismo e capitalismo continuam dando certo. Infelizmente

“Economia lenta não freia criação de emprego e redução de desigualdade”, diz reportagem do Estadão, de 22/09. Na mesma edição, outro destaque: “Mais de 5 milhões deixaram a pobreza”. No dia 21/09, a Agência Brasil dizia: "Nos últimos dez anos, 35 milhões de brasileiros chegaram à 'classe média', alcançando mais de 100 milhões de pessoas".

Boa parte desses números foi divulgada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo Federal. Seria uma demonstração do sucesso das políticas sociais dos governos petistas. E também mostrariam a inutilidade da luta anticapitalista.

Afinal, tudo isso teria sido conquistado graças a muita negociação. Nada de greves, lutas, ocupações de terra. Bastou apostar no diálogo entre empresários, sindicalistas, governantes, parlamentares etc. É o capitalismo dando certo no Brasil.

Mas, talvez, as coisas não sejam tão simples. Mais uma vez, os dados divulgados dizem respeito à distribuição de renda. Mas se considerarmos a minoria de 16 milhões que pagam imposto de renda no Brasil, a situação é outra. Neste caso, estamos falando de concentração de riqueza.

Números da Receita de 2011 mostram que mais de 97% dos que declaram imposto de renda possuem apenas 49% do patrimônio. Mas 0,1%, ou cerca de 18 mil pessoas, concentram 26% do patrimônio do conjunto das pessoas físicas.

Na verdade, momentos em que houve uma melhora na distribuição de renda já aconteceram antes na história do País. Jamais se consolidaram porque a concentração de patrimônio continuou basicamente a mesma. Não está sendo diferente agora.

Realmente, lulismo e capitalismo se entendem cada vez melhor. E isso não é nada bom para a maioria explorada.

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Um comentário:

  1. Segundo Focaut na sua microfísica a ideia de poder não deveria ser restringida ao Estado. Daí é preciso pensar na condescendência do povo para o governo que lhe elege. Tenho andado por grotões carentes nesse Brasil e visto que a maioria da população que julgamos manipulada pelo poder constituído se beneficia e muito do fisiologismo do Estado.
    É quase utopia a luta contra o bem-estar. Na medida do possível podemos lutar contra a desigualdade e não por igualdade. Acho que o Brasil não está em desenvolvimento. Se estiver é em um plano histórico limitado, não inserido em um contesto universal. Enquanto nosso economia cresce,, para se tornar a 5 maior do mundo, nossas desigualdades se abismam ainda mais. O Brasil investe no consumismo para aquecer sua economia e tirar gente da pobreza. Países europeus estão investindo ativos em felicidade, por exemplo.

    http://bofetadanogostodopublico.blogspot.com.br

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