Doses maiores

9 de julho de 2012

Errar é sempre humano

Dois grandes acidentes voltaram a ganhar destaque nos jornais. Um deles, a queda do voo 447 da Air France, em 2009. O outro, o desastre nuclear de Fukushima no Japão, em 2011.

Recentes relatórios sobre as duas catástrofes falam em erros humanos. No avião, a tripulação não teria sabido lidar com a pane de um equipamento. No caso da usina, o maior problema seria a falta de políticas governamentais de prevenção.

Há interesses poderosos em jogo. No caso francês, indenizações às famílias, a indústria aeronáutica e o mercado turístico. No japonês, culpar pessoas pode justificar a continuidade do uso da energia nuclear. Os terremotos e tsunamis não seriam o maior problema. Os bilhões investidos naquela tecnologia estariam salvos.

As eventuais falhas podem estar relacionadas a vários aspectos: treinamento, projeto, procedimentos, legislação, governos, sistemas, indivíduos, equipes. Podem ser resultado de fatores próximos ou não do local e do momento dos acidentes. Mas jamais deixam de ser eventos que resultam de nossas ações e escolhas.

A natureza não se engana. Nós é que costumamos estar na hora e lugar errados. Quanto às falhas divinas, costumam ficar acima do bem e do mal. Assim, se há erro, só pode ser humano. Nos casos acima, há muitos. Mas o maior deles é comum a estas e a muitas outras calamidades contemporâneas.

Em algum momento da história recente de nossa espécie erramos feio. Com o capitalismo, passamos a medir tudo por seu valor em dinheiro. Perdas humanas tornaram-se meros detalhes em disputas em torno de somas bilionárias. É muito humano. E é estúpido, também.

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