Doses maiores

20 de abril de 2012

A festa dos bancos continua

O governo Dilma agiu corretamente ao pressionar os bancos a baixar os juros. Mas os bancos continuam a praticar taxas insultantes. E a festejar às nossas custas.

Teoricamente, juros para empréstimos são altos porque há risco de que o devedor não pague. Mas não é assim que funciona no capitalismo atual. Dominada por monopólios, a economia de mercado tem suas leis manipuladas muito mais facilmente.

Tomemos o exemplo crédito consignado. Os bancos prometeram reduzir a taxa de juros desse tipo de empréstimo para 0,89%. Algo em torno de 12% anuais. Bem superior à taxa Selic para um tipo de operação de risco zero. Afinal, o pagamento é descontado diretamente do salário, aposentadoria ou pensão do emprestador.

Isso acontece porque dos 157 bancos existentes no País, apenas cinco concentram mais de 70% do mercado. E dados do Banco Central mostram que nos últimos três anos cinco bancos médios brasileiros deixaram de existir devido a fusões e aquisições. Trata-se de um setor altamente concentrado.

Mas, mesmo em um setor monopolizado, há interesse em ampliar a clientela. As taxas praticadas pelos bancos brasileiros não indicam isso. É que os bancos têm à sua disposição um negócio muito mais rentável. É a aplicação em papéis da enorme dívida pública brasileira. Assunto que se tornou tabu para jornais e governos.

São mais de R$ 2,5 trilhões parasitando os cofres públicos. Pagando os maiores juros do planeta. Retirando recursos dos orçamentos da Saúde, Educação, Previdência etc. Aumentando a desigualdade social. Acima de tudo, fazendo a festa de grandes investidores, incluindo gigantes empresariais. Folia que está muito longe de acabar. 

Leia também: O preço sujo do dinheiro

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