Doses maiores

5 de setembro de 2011

Guarda-chuva sob céu azul?

A decisão do Banco Central de reduzir os juros revoltou os neoliberais. Estão na imprensa fazendo escândalo. Dizem que a decisão pode elevar a inflação. Exagero de especulador.

Deveriam se preocupar mais com o quê a decisão sinaliza. O pessoal do BC não entende nada do povo e suas necessidades, nem de investimento em áreas sociais, criação de emprego, etc. Mas, entende muito de mercado, produção, especulação.

O BC está prevendo um cenário feio pela frente. Não é para menos. Vejamos alguns dados do jornal Valor, de 02/09:
- O segmento de manufatura da Ásia se desacelerou, com líderes como Coreia do Sul e Taiwan mostrando retração e a China crescendo em ritmo fraco.
- As fábricas numa parte da Europa registraram queda da atividade pela primeira vez em dois anos, com o desaquecimento da Grécia e da Irlanda ameaçando economias de porte como a Itália e a França.
- O banco J.P. Morgan Chase, aponta índice global de manufatura em setembro de 50,1. O nível de estagnação econômica é 50.
- O índice de atividade industrial dos Estados Unidos caiu para o menor nível desde maio de 2009, em plena crise do subprime.
Mas, e o Brasil com isso? Nossa economia é muito dependente da venda de commodities como ferro, petróleo e soja. São cerca de 70% da pauta de exportações. A China é nossa primeira parceira comercial nesse setor. E aparentemente está desacelerando. O problema é que nossa produção de manufaturados também não tem boas notícias.

A mesma edição do Valor explica que:
A exportação da indústria brasileira de transformação ainda é altamente dependente dos Estados Unidos. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), de 14 setores levantados, os americanos são os principais compradores de cinco segmentos - metalurgia, mecânica, madeira, minerais não metálicos e calçados - e são o segundo destino mais importante para outros sete setores - material de transporte, química, celulose e papel, material elétrico, eletrônico e de comunicação, borracha, vestuário e mobiliário.
Não é nada bom depender da economia americana nessa altura do campeonato.

Por fim, a FIESP acaba de revelar que o Brasil perdeu 568 mil empregos desde 2008 devido a problemas com o comércio internacional. Naquele ano, as vendas externas geraram 388 mil empregos industriais. De janeiro a junho deste ano, o resultado foi negativo em 180 mil vagas. Um mais o outro dá os mais de meio milhão de postos de trabalho perdidos.

Ninguém abre guarda-chuva sob céu azul. Há, no mínimo, nuvens pesadas e escuras se formando.

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