Doses maiores

14 de setembro de 2011

Crise econômica e HIV

A AIDS começou a matar no início dos anos 1980. A estupidez conservadora logo a batizou de “praga gay”. Os homossexuais formariam o chamado “grupo de risco”. Hoje, o preconceito é menor. Muitos já sabem que a epidemia nada tem a ver com a orientação sexual.

Segundo muitos analistas, a atual crise mundial também tem seu grupo de risco. São as economias norte-americana e européias. Distantes do perigo estariam os países ditos “emergentes”. Entre eles, China, Índia e Brasil. Devidamente imunizados por sua fidelidade aos princípios da economia de mercado.

Isso pode estar mudando. É o que diz a matéria “Emergentes agora se veem ameaçados por crise global”, do jornal Valor de 12/09. A reportagem refere-se a uma reunião de presidentes de bancos centrais dos países emergentes, realizada na Suíça. O texto de Assis Moreira diz que os presentes:
...consideram que a teoria de descolamento dos emergentes em relação aos desenvolvidos está perdendo força, e a crise começa a atingir alguns pelos canais financeiros, como nas quedas das bolsas, e do comércio, pela baixa de exportações.
Para um dos participantes, “o contágio depende das ligações entre os países. A Argentina, por exemplo, depende do que acontecer no Brasil e na China. A Coreia do Sul depende da China, do Japão e dos EUA".

No Brasil, os sintomas não são bons. Recente levantamento mostrou que a indústria de transformação parou de crescer há três anos. De julho de 2008 a julho de 2011 o setor evoluiu apenas 1%.

No caso do HIV, muitos dos que confiaram nos preconceitos acabaram contaminados. Na atual crise, o grupo de risco pode ser ampliado pela cegueira ideológica. É a confiança nos mecanismos capitalistas.

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