Doses maiores

8 de agosto de 2011

O amor como epidemia

Uma notícia surpreendente, concidadãos do século 19. No século 21, as pessoas se casam por amor!

Em nosso tempo, a maioria dos casais formava-se pressionado pelas necessidades materiais. O homem escolhia a melhor parideira, trabalhadora, saudável. A mulher tinha sorte se lhe coubesse um marido sem medo de trabalhar. Que não fosse violento nem exagerasse na bebida.

Entre os aristocratas, às exigências materiais somavam-se os interesses da família. O que importava era uma prole saudável e a fortuna reservada aos de sangue nobre. Entre os casados, pouca intimidade e muitas formalidades. Em ambos os casos, a autoridade absoluta do homem.

O amor era um acidente nada recomendável. Em geral, não acontecia entre os destinados a casar. Daí, as constantes infidelidades, principalmente pela parte masculina.

Mas nem tudo é tão róseo no século 21. É verdade que a individualidade é mais respeitada. A família ficou menor e menos influente. Mas, a maioria delas tornou-se um ajuntamento de pessoas solitárias. Os laços de sangue têm um peso desproporcional à liberdade individual conquistada.

Assim, o entusiasmo pelas bodas pode confundir-se com uma fuga da opressão familiar. Namorados, noivos, cônjuges tentam encontrar na pessoa amada tudo o que lhes parece faltar na família. Por outro lado, os constrangimentos materiais continuam. Não há romantismo que resista às constantes dificuldades econômicas. Em meio a tudo isso, o machismo continua firme.

Com tanta confusão, as chances de frustrações são muitas. A valorização da individualidade é uma conquista, sem dúvida. Assim como a do amor. Mas, ainda que inspire belas obras de arte, o sofrimento amoroso é a mais resistente epidemia destes tempos.

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