Doses maiores

21 de junho de 2011

Moda, Fórmula 1 e a ditadura do mercado

A São Paulo Fashion Week é o maior acontecimento de moda da América Latina. Acontece duas vezes por ano, movimenta milhões e é um dos mais concorridos do mundo. As pessoas costumam estranhar duas coisas em eventos como este: a esquisitice das roupas e a magreza das modelos.

Em janeiro de 2010, matéria da Folha destacava a magreza de várias modelos. Dizia que na faixa dos 18 anos, elas apresentavam “índice de massa corporal” de crianças de 9 anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) chama isso de "magreza severa".

O fato é que desfiles de moda são como corridas de fórmula 1. Ninguém sai dirigindo uma McLaren pelas ruas. O mesmo acontece com as estranhas roupas vestidas pelas esqueléticas modelos.

Tal como as corridas automobilísticas, os encontros de moda servem como laboratórios para a indústria. “Pistas de teste” para ver que produtos vão ser impostos à sociedade.

Os automóveis invadem os espaços urbanos, envenenam o ambiente e fazem desabar a qualidade de vida. As passarelas impõem modelos estéticos e estimulam a adoção de comportamentos ruins para a saúde. E ainda estabelecem como padrão dominante um modelo de mulher que quase não existe fora das passarelas.

Não se trata de uma conspiração articulada pelos fabricantes. Eles até competem entre si. São grandes monopólios disputando ferozmente o gosto e o bolso do freguês. Mas, nessa briga, tornam a vida social cada vez mais um jogo cruel de aparências, superficialidade e desperdício.

Desfiles de moda e corridas de automóvel são exemplos perfeitos do poder da ditadura do mercado.

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Um comentário:

  1. A moda brasileira é submissa e a indústria automobilística brasileira é uma verdadeira galinha de ovos de ouro... Bons exemplos de colonialismo.

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