Doses maiores

1 de junho de 2011

Garrincha e a violência revolucionária

Certa vez, um técnico de futebol dava instruções à seleção brasileira antes de um jogo. O adversário era a seleção russa. O treinador instruía detalhadamente, recomendando esta e aquela jogada, a disposição de cada jogador em campo, etc. Terminada a palestra, Garrincha perguntou: “Professor, tá tudo muito bom. Mas, o senhor já combinou tudo isso aí com os russos?”.

Há anos, vários setores da esquerda ficam de cabelos arrepiados quando ouvem falar em violência revolucionária. Dizem que a não agressão, a desobediência civil, o pacifismo são as únicas vias possíveis para a transformação social. Tá tudo muito bom, tudo muito bem. Mas, lembremos alguns episódios recentes.

É o caso da violenta repressão policial à “Marcha da Maconha”, em São Paulo. Ou das mortes do casal José Cláudio e Maria do Espírito Santo, no Pará. Do assassinato de Adelino Ramos, em Rondônia. Outro exemplo foi a repressão da polícia espanhola aos manifestantes acampados no centro de Barcelona, deixando 121 feridos.

Tudo isso para não falar dos pobres e negros mortos aos montes diariamente nas grandes cidades. Se nem todas as ações como estas são responsabilidade direta do Estado, este as tolera e encobre.

Não é o caso de defender ações armadas como resposta. Seria um caminho suicida. As forças populares não podem fazer frente às tropas e armas a serviço da classe dominante.

Mas, que não se espere cordialidade e gentileza do Estado quando a classe dominante achar que ameaçamos suas propriedades, riqueza e autoridade. Nesse caso, só cabe uma resposta a uma pergunta como a de Garrincha. Contar com a lealdade do inimigo é derrota certa.

Leia também: Violência revolucionária não é terrorismo

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