Doses maiores

2 de junho de 2011

Diminuir a miséria para fortalecer o Capital

O governo federal acaba de lançar o plano “Brasil sem Miséria”, voltado para “a erradicação da pobreza extrema”. Ao contrário do que muita gente pensa, a miséria atrapalha o capitalismo. E foi isso o que o governo Lula soube entender.

E não foi só ele. Antônio Ermírio de Moraes é presidente do Grupo Votorantim. Divulgou um texto em 2010, durante as eleições presidenciais. Em “O Cavalo Manco e o Puro Sangue”, Moraes afirma com todas as letras:
A aposta no mercado exterior emergente e no mercado interno, via inclusão social, é reconhecida no mundo inteiro como uma grande sacada deste governo que salvou o país de um grande desastre.
A professora da UFRJ, Lena Lavinas, explica melhor. Em entrevista concedida em 25/05 à IHU On-Line, do Instituto Humanitas Unisinos, ela afirma que:
Em todos os países do mundo, os governos e a sociedade optam por garantir uma renda mínima aos mais pobres não porque têm pena deles (...), mas porque pessoas sem rendimento econômico geram uma série de distorções na economia (...).
A regulação da pobreza começou no século XIV, não tem nada de novo, e é uma forma de reduzir o conjunto de externalidades que são muito ruins em termos de mercado. A economia precisa funcionar e quem não tem o mínimo de recurso, não consegue nem pegar um ônibus para tentar um emprego.
É por isso que o próprio Banco Mundial, guardião do neoliberalismo no planeta, defende políticas de redução da miséria.

O coração econômico do capitalismo é a exploração do trabalho humano. É para viabilizá-la que são criados programas sociais como o que acaba de ser lançado por Dilma Roussef. A tragédia maior é que dificilmente essas duas pragas deixarão de conviver sob o império da mercadoria.

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