Doses maiores

16 de junho de 2011

Comemorando à beira do abismo

"'Mercado' acha pela primeira vez na história que é mais provável um calote norte-americano do que um brasileiro no pagamento de dívidas financeiras. Presidenta Dilma Rousseff e ministro Guido Mantega (Fazenda) comemoram sinal de 'solidez', mas queda do risco-país pode atrair ainda mais dólares que buscam lucrar com juro do Banco Central. Controle de capitais 'tímido' mantém moeda norte-americana barata e produz desindustrialização".
Este é o resumo de André Barrocal, da Agência Carta Maior, para a situação que levou Dilma e Mantega a festejar a situação da economia brasileira. Na verdade, trata-se de apenas um dos papéis negociados no mercado. Um tal de CDS (Credit Default Swaps). Investimento que ocupa a 29ª posição entre os mais rentáveis.

De qualquer maneira, vale o alerta do Movimento Auditoria Cidadã da Dívida. "Risco baixo da dívida significa risco total para as áreas sociais". Implica manter a confiança numa dívida que retira verbas astronômicas da saúde, educação, previdência, assistência. Significa remunerar muito bem os poucos milionários detentores de seus papéis. Mais miséria e precariedade de um lado, mais concentração de riqueza e renda, do outro.

Outro alerta vem da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos. A entidade empresarial diz que o nível de desindustrialização da economia brasileira vem aumentando. Até 10 anos atrás, 60% das máquinas vendidas no País era de origem nacional. Hoje, a proporção se inverteu. Trata-se de um claro sinal de que o parque produtivo brasileiro vem sofrendo um desmanche perigoso. Algo que deve se refletir nos níveis de emprego e salários. E estes, por sua vez, afetam o crescimento da economia.

Nada indica que vamos cair num abismo. Só não é aconselhável ficar festejando à beira dele.

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