Doses maiores

27 de maio de 2011

A volta das câmaras pelegas

As Câmaras Setoriais estão de volta. Segundo a grande imprensa, estão sendo ressuscitadas por empresários e sindicalistas. Em especial, Fiesp, CUT, Força Sindical e os sindicatos dos metalúrgicos de São Paulo e do ABC.

A proposta teria sido motivada pela situação complicada por que passa a indústria devido à desvalorização do dólar. Um de seus principais objetivos é pressionar o Estado a estimular a indústria nacional. Outra meta é aumentar a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas.

As Câmaras Setoriais surgiram nos anos 1990. O país passava por uma crise econômica. Foram criadas 26 delas, de vários ramos econômicos. Mas, apenas três conseguiram estabelecer acordos. Armando Boitto Jr, escreveu um artigo sobre o tema para a revista Crítica Marxista nº 3, em 1996. Segundo ele:
No caso da câmara do setor automotivo, o governo Itamar, por intermédio do ministro da Fazendo Ciro Gomes, proibiu o reajuste mensal de salários, que era um dos dois pontos mais importantes do acordo para os operários. As montadoras, por sua vez, abandonaram a câmara e começaram a demitir – a Ford e a Mercedes demitiram, em um só mês, quase três mil operários. O ponto do acordo que previa crescimento do emprego também se tornou letra morta. O governo e as montadoras ficaram na câmara apenas enquanto era do seu interesse.
Na época, já havia sido um erro que a CUT entrasse nessa roubada. Agora, não há nem mesmo a desculpa de que uma crise econômica atinge o setor industrial. É verdade que existe uma ameaça de que isso aconteça. Mas, a solução não é antecipar-se a ela através de um mecanismo como as Câmaras Setoriais. É preciso enfrentar os patrões e o neoliberalismo através de campanhas e lutas.

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