Doses maiores

7 de abril de 2011

Redes sociais e classes sociais

A internete costuma ser considerada um espaço democrático. Domínio da liberdade e igualdade na “pós-modernidade”. Santa ingenuidade. Como se a rede virtual não fizesse parte de um mundo bem real, com todas as suas contradições.

É o que mostra reportagem do jornal Valor Econômico, de 05/04. Sob o título de “Diga-me qual é tua rede e te direi quem és”, a matéria diz:
Sondagem feita pela empresa de pesquisas QualiBest, a pedido do Valor, revela que a esmagadora maioria dos internautas brasileiros presentes nas redes sociais mantém perfil no Orkut: 91%. A adesão ao Facebook, porém, é maior entre os mais ricos (78%), enquanto o Orkut é apontado como o site de relacionamentos preferido por 66% da classe C.
A explicação estaria na ordem de chegada à internete. No Brasil, o Orkut foi adotado por quem chegou antes ao ambiente virtual. Os mais ricos, claro. Quem teve acesso depois, se juntou aos primeiros. Mas, estes começaram a migrar para o Facebook e Twitter. O motivo?

A reportagem cita a explicação de Rafael Kiso, da Focusnetworks, agência especializada em marketing nas redes sociais. Segundo ele:
O Orkut oferece menos recursos para o controle da privacidade. É possível navegar e deixar comentários na página de qualquer pessoa, mesmo que ela não esteja na rede de amigos. "Os mais ricos se sentiram acuados com isso", avalia o executivo.
Parece que acontece como na vida real. Quem mais tem, mais teme. Isola-se mais freqüentemente. Seja isso ou não, o Facebook já dá sinais de que vai investir mais no público de “classe A”, mesmo que deixe de crescer entre os restantes. Afinal, o topo social é pequeno, mas concentra grande parte da renda e do patrimônio total.

E é isso que importa. No mundo real ou no virtual, as leis capitalistas são as mesmas.

Leia também: Redes sociais não fazem revolução, mesmo

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