Doses maiores

9 de fevereiro de 2011

Lula, savana, cerrado e moto-serra

Lula, às vezes, abusa do direito de dizer besteiras. Desta vez, foi em palestra aos participantes do Fórum Social Mundial, no Senegal. Segundo o ex-presidente, o continente africano deveria dar a suas savanas o mesmo tratamento dispensado pelo Brasil ao seu cerrado.

Lula explicou que até os anos 70 “o cerrado brasileiro era considerado um deserto verde, sem condições de sustentar uma agricultura produtiva". Mas, o crescente investimento em pesquisa teria tornado esse tipo de vegetação grande fornecedora “de alimentos para o mundo” e possibilitado “a política de erradicação da fome em nosso país".

A proposta é criminosa. O cerrado é o segundo maior bioma do país. Até 2002, a destruição nessa região tinha chegado a 890 mil km2. Entre 2002 e 2008, o Ibama descobriu mais 85 mil km2 de desmatamento. Quase 15 áreas equivalentes ao tamanho do Distrito Federal. As perdas verificadas em terras indígenas, assentamentos rurais e unidades de conservação chegam a quase 8 mil km2 de matas nativas. Cerca de 36 mil estádios do tamanho do Pacaembu. Uma tragédia ambiental e social que só traz benefícios aos latifundiários do agronegócio, que lucram bilhões com plantio de soja e criação de gado.

Que os representantes africanos nos perdoem. Não pela escravidão de seus antepassados. Disso, não temos culpa. Foi obra de nossos colonizadores. Pedimos perdão pelas declarações de alguém que tem a cabeça colonizada por um desenvolvimentismo destruidor. Deveria se juntar à turma da moto-serra, com Aldo Rebelo e seus patrocinadores.

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