Doses maiores

30 de setembro de 2010

Os efeitos nulos do voto nulo

Defender o voto nulo é uma tentação para os lutadores populares. O sistema eleitoral é uma máquina viciada e um campo minado. Costuma atrair para os ambientes agradáveis da burguesia aqueles que estavam nas trincheiras desconfortáveis dos explorados. A recente experiência do PT não nos deixa duvidar.

O problema é que participar das eleições costuma ser a porta de entrada para muitos dos que querem transformar o mundo. Responder a essa expectativa com o voto nulo costuma fechar essa porta sem abrir outras.

É por isso que o voto nulo somente se justifica quando todas as opções apresentadas nas eleições são tão negativas como a negação do voto. É o caso da escolha reduzida a candidaturas do campo conservador.

É verdade que nas atuais eleições, as candidaturas mais fortes disputam o direito de continuar o lulismo. Um projeto que se rendeu ao esquema de dominação que impera no País. Também é verdade que os três partidos de esquerda que combatem o lulismo cometeram o grave erro de se dividir. Inclusive pela valorização exagerada da luta eleitoral.

Mas, nada disso é motivo suficiente para que PSOL, PSTU e PCB sejam considerados forças rendidas ao campo burguês. Cada um deles conta com propostas e companheiros dignos da confiança dos socialistas. Virar-lhes as costas é facilitar o trabalho dos opressores e seus aliados lulistas.

Afinal, defender o voto nulo pode ter o efeito oposto ao pretendido. Participar de eleições não é o caminho para o socialismo. Mas, nada garante que anular o voto avance nessa direção. Mais fácil ser confundido com a condenação de toda e qualquer atividade política.

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