Doses maiores

11 de abril de 2017

O dia em que Lênin perdeu por 12 a 1

O livro “Os dez dias que abalaram o mundo”, de John Reed, é o mais famoso relato da Revolução Russa de outubro de 1917. Uma de suas edições traz uma introdução do historiador A. J. P. Taylor.

Taylor explica como, após a Revolução de Fevereiro ter derrubado a monarquia russa, foi instalado um governo provisório controlado por uma elite que continuou insensível aos interesses da maioria.

Apesar disso, os bolcheviques aceitaram o novo governo sem maiores questionamentos. Afinal, ele representaria um avanço em relação à ditadura do Czar.

Mas Lênin não concordava com isso. Saiu correndo de seu exílio na Suíça rumo a Petrogrado e ao chegar:

...não perdeu tempo. Encaminhou-se diretamente para o quartel-general dos bolcheviques e disse: “Defendo a realização de uma segunda revolução”. A proposta de Lênin foi derrotada por doze votos a um, sendo este último dele próprio.

O episódio mostra como os bolcheviques travavam enormes e incansáveis debates. E que é falsa a ideia de que o partido era controlado com mão-de-ferro por Lênin. De ferro, mesmo era sua determinação. Tanto é que derrotado na votação, ele “simplesmente riu e afirmou: ‘O povo russo é mil vezes mais revolucionário do que nós’”.

A afirmação se mostraria correta meses depois. Mas antes disso, até mesmo Lênin chegou a dizer que talvez não vivesse para ver a revolução acontecer.

Estes elementos mostram que a grande Revolução de 1917 não aconteceu graças a líderes geniais e infalíveis. Se houve alguma grande sabedoria por parte dos bolcheviques foi a de terem respeitado as pressões populares vindas de baixo. Mesmo assim, aos trancos e barrancos.

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