Doses maiores

2 de janeiro de 2017

Revolução não é bolão

O fim do capitalismo é inevitável. Só não dá pra organizar um bolão para ver quem acerta quando acontecerá. É mais ou menos isso que diz ”How Will Capitalism End?”, livro recentemente lançado por Wolfgang Streeck. Segundo ele, não se trata de saber se o capitalismo vai acabar, mas como.

Streeck publicou um artigo que resume seus argumentos na edição 87 da revista britânica “NewLeft Review”. Com o mesmo título do livro, o texto traz o seguinte trecho:

É um preconceito marxista, ou melhor, modernista, a ideia de que o capitalismo como uma época histórica só terminará quando uma sociedade nova e melhor estiver à vista e um sujeito revolucionário pronto a implementá-la para o avanço da humanidade.

De fato, os marxistas deveriam ser os últimos a pensar assim. É verdade que Marx e Engels disseram no Manifesto Comunista que o socialismo é uma necessidade histórica a ser construída pelos explorados de forma revolucionária. Mas eles também consideraram possível que uma saída desse tipo se inviabilizasse causando a “ruína comum das classes em conflito”.

“Ruína comum das classes em conflito” é apenas outro nome para a barbárie. Um desfecho nada improvável diante, por exemplo, do resultado das últimas eleições nos Estados Unidos. Ou de possibilidades semelhantes na Europa. Sem falar em tragédias como a guerra na Síria.

Streeck apresenta as várias contradições que devem levar o capitalismo à falência. Voltaremos a comentá-las, em breve. Enquanto isso, continua valendo a ideia marxista de que é necessário acabar com o capitalismo pela revolução. Até porque, do contrário, sobrará pouca gente para participar de um bolão.

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