Doses maiores

25 de novembro de 2016

Mais sobre reformismo e aristocracia operária

Voltando à ligação entre o surgimento da chamada “aristocracia operária” e o reformismo, mais um texto que nega esta relação é “O mito da Aristocracia Operária”, de Charles Post, publicado em 2003, ainda sem tradução do inglês

Utilizando dados estatísticos, o artigo mostra que é verdade que a exploração imperialista sobre os países periféricos pode resultar em mais empregos e melhores salários para a classe trabalhadora dos países centrais.

Mas o texto nega a ideia de que apenas um pequeno setor dos trabalhadores seria beneficiado. Mais precisamente, aqueles que se “venderiam” aos capitalistas e constituiriam uma “aristocracia” disposta a aceitar uma espécie de “cala-boca” dos patrões.

Outro mito recorrente atribui aos setores operários mais bem pagos uma certa indisposição para a luta. Post lembra nada mais, nada menos, que foi exatamente este tipo de trabalhador que formou a espinha dorsal da vanguarda russa de 1917.

Além disso, cita outros exemplos semelhantes em processos de resistência revolucionária em lugares e momentos tão diferentes como França, Itália, Inglaterra, Chile, Portugal nos anos 1960 e 1970. Ou Polônia, Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia nos anos 1980 e 1990. Em todos esses casos, foram trabalhadores dos ramos mais desenvolvidos que encabeçaram as lutas mais radicais.

Dessa maneira, Post confirma algumas conclusões do artigo de Tony Cliff, já comentado aqui.

O fato é que o reformismo costuma contar com a simpatia de grande parte dos explorados e oprimidos. Portanto, é ilusório pensar que a denúncia e o combate a uma camada de trabalhadores cooptados bastariam para abrir caminho a propostas revolucionárias.

Na próxima pílula, continuaremos tentando entender por que isso acontece.

Leia também: O reformismo conquista multidões

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