Doses maiores

29 de novembro de 2016

A aceitação do reformismo entre os explorados

Continuamos a comentar o artigo “O mito da Aristocracia Operária”, em que Charles Post recusa a tese de que o reformismo é produto da influência de uma pequena parcela, qualificada e bem paga, dos trabalhadores.

Trata-se, na verdade, diz o autor, de um fenômeno político que ganha as mentes do conjunto da classe trabalhadora. E isso acontece, afirma ele, porque “em tempos normais”, ou seja, sem crises, a grande maioria dos explorados aceita as regras da competição capitalista.

Marx já havia dito que um dos maiores obstáculos para a libertação do proletariado é a competição e hostilidade reinante em seu próprio interior. Desde o racismo e o preconceito contra imigrantes até a ação dos “fura-greves”, essas fissuras se multiplicam constantemente.

Elas surgem a partir do nível mais estrutural do funcionamento capitalista. Mas são reforçadas e reproduzidas incessantemente pelos aparelhos hegemônicos da burguesia, como escolas, igrejas, grande mídia, mas também em sindicatos, associações e partidos.

Por isso, os marxistas sempre defenderam a necessidade da organização política dos trabalhadores. Para que condições econômicas e contingências sociais deixem de dividir os explorados. Para que sua unidade aconteça no nível ideológico, desmascarando as ideias dominantes e afirmando o socialismo como única saída.

O grande problema é que o terreno político também está cheio de armadilhas. Principalmente, quando se trata de intervir no campo institucional. É nele que ficamos mais perto do inimigo e a intervenção militante pode ser corrompida, não apenas por dinheiro, mas também pela acomodação aos favores do poder.

Para tentar evitar esses riscos, Post apresenta algumas propostas. É o que veremos nas próximas pílulas.

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