Doses maiores

11 de setembro de 2016

Sobre pessoas, pássaros, abelhas... e pessoas, de novo

Em 04/09, Ricardo Bonalume Neto publicou na Folha “Humanos conversam com pássaros para coletar mel na África”. O artigo fala sobre o pássaro-do-mel, que costuma guiar pessoas até colmeias. Uma vez espantadas as abelhas com fumaça, retira-se o mel e as aves comem a cera.

Observado em Moçambique, os moradores locais iniciam o acerto entre as duas espécies emitindo um determinado grito. Os pássaros atendem e iniciam os voos de árvore em árvore até chegar às colmeias.

Um estudo publicado na Science, em 21/07, mostrou que quando o chamado era feito do modo certo, os pássaros atendiam 66% das vezes, com um índice de acerto de 81%. Mas quando não eram feitos corretamente, os acertos diminuíam pela metade, ou menos.

Ou seja, parece que os pássaros só cumprem o combinado quando sabem que as pessoas que os chamam deixarão a cera para eles. Bem sabichões...

Ao mesmo tempo, assusta saber que nos últimos anos as abelhas vêm desaparecendo rapidamente no mundo todo. Das 20 mil espécies do inseto, um quarto está em extinção.

O caso é alarmante porque elas são responsáveis pela polinização. Elemento fundamental para manter o equilíbrio ambiental e a biodiversidade.

Nada disso envolve a bonita parceria testemunhada em Moçambique. O mais provável é que a matança de abelhas seja causada pelo uso de agrotóxicos.

Por outro lado, nem tudo é doce com o pássaro-do-mel. Tal como o cuco, ele põe seus ovos em ninhos de outras aves para serem criados por elas. Ao nascerem, seus filhotes matam os “rivais adotivos”.

Taí uma atitude que a parte predadora-ocidental de nossa espécie entende perfeitamente.

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