Doses maiores

2 de fevereiro de 2016

De volta aos evaporados, invisíveis e alvejados

A pílula Evaporados, invisíveis, esbranquiçados,alvejados... recebeu alguns comentários muito pertinentes. Alguns deles lembravam que a condição de invisibilidade não acomete apenas trabalhadores serviçais.

É o caso dos indígenas, cujas tradições continuam a ser enterradas sob toneladas de preconceitos, veiculados pela grande mídia e aproveitados como justificativa para ações governamentais criminosas contra seus costumes e territórios.

Nossas ruas, praças, bairros, cidades, acidentes geográficos, alimentos, plantas, vocabulário em geral estão recobertos pelo tupi-guarani. Mas aos indígenas é negado o direito de registrar sua identidade pessoal nos cartórios, seguindo suas denominações originais.

A ascendência da população negra sumiu na noite escravagista. Sua própria ancestralidade lhes é negada. Diferente daqueles cuja origem europeia está bem documentada e é lembrada orgulhosamente, as origens africanas foram condenadas ao esquecimento.

A própria identificação familiar da grande maioria dos descendentes de africanos continua a trazer a marca do senhor de escravos. São os muitos negros cujos sobrenomes “Silva”, “Carvalho”, “Oliveira”, foram impostos pelos proprietários de seus ancestrais.

Há ainda os milhares de famílias indígenas, ribeirinhas, caipiras, caboclas, deslocadas por megaobras ou megaeventos superfaturados. Empurradas para a beira da estrada do “progresso” ou por ele atropelados. Mas na grande imprensa, recebem poucas linhas ou míseros segundos de atenção. Assim mesmo, de modo preconceituoso e humilhante.

São outros tantos a integrar a enorme legião brasileira de evaporados e invisíveis. O que de modo algum os protege de também ser alvo das forças da repressão, diante das quais vergonhosamente se omitem setores que se consideram os mais progressistas do País. 

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